Chico Xavier plagia Waldo Vieira?

Estas semelhanças – ao menos uma parte delas – entre os textos de Evolução em Dois Mundos e Mecanismos da Mediunidade constam no livro “Chico, Diálogos e Recordações”, de Carlos Aberto Braga Costa, na página 255. O livro foi-me enviado por Vladimir Alexei de forma gratuita, assim, muito agradeço a ele. Ambos os livros foram escritos em conjunto por Waldo Vieira e Chico Xavier, por meio do mesmo ‘espírito’, André Luiz, mas um médium ficou responsável pelos capítulos pares, o outro pelos ímpares. Segundo Waldo, André Luiz é Carlos Chagas, o que é um absurdo devido a suas biografias serem inconciliáveis. É importante ainda dizer que o livro “Mecanismos da Mediunidade” possui trechos claramente extraídos do livro “O Átomo” de Fritz Kahn. Sem mais delongas, vamos às semelhanças!

 

Evolução em Dois Mundos

(1958)


Mecanismos da Mediunidade

(1959)


Representando o sistema hemático, no corpo humano, o conjunto das energias circulantes no psicossoma, energias essas tomadas pela mente, através da respiração, ao infinito reservatório do fluído cósmico, é para ele que se encontra intimamente associado ao estímulo nervoso ou aparelho de comunicação entre o governo do Estado simbólico a que nos referimos e suas províncias e cidadãos – os órgãos e as células.

(Capítulo XV por Waldo Vieira)

Salientando-se que o sistema hemático no corpo físico representa o conjunto das energias circulantes no corpo espiritual ou psicossoma, energias essas tomadas em princípio pela mente, através da respiração, ao reservatório incomensurável do fluido cósmico, e para ele que nos compete voltar a atenção, no estudo de qualquer processo fluidoterápico de tratamento ou de cura.

(Capítulo 22 por Chico Xavier)

Correspondendo a centros vitais do perispírito – que não podemos entender agora, por ausência de terminologia adequada entre os homens –, temos o eritrônio, o leucocitônio e o trombônio, tanto quanto o sistema retículo-endotelial e os gânglios linfáticos, dando nascimento, no plasma sangüíneo, às coletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, dos trombócitos, dos macrófagos e dos linfócitos a se dividirem através de famílias numerosas, em trabalho incessante, desde as usinas geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o estroma dos órgãos.


(Capítulo XV por Waldo Vieira)

Relacionados com os centros psicossomáticos, os variados núcleos da vida sanguínea produzem as grandes coletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, trombócitos, macrófagos, linfócitos, histiócitos, plasmócitos, monócitos e outras unidades a se dividirem, inteligentemente, em famílias numerosas, movimentando-se em trabalho constante, desde os fulcros geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o âmago dos órgãos.

 

(Capítulo 22 por Chico Xavier)

Reconhecendo-se a capacidade do fluído magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico – particularmente as sangüíneas e as histiocitárias –, determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos, por intermédio de ordens automáticas da consciência profunda.

(Capítulo XV por Waldo Vieira)

O pensamento é a força que, devidamente orientada, no sentido de garantir o nível das entidades celulares no reino fisiológico, lhes facilita a migração ou lhes acelera a mobilidade para certos efeitos de preservação ou defensiva, seja na improvisação de elementos combativos e imunológicos ou na impugnação aos processos patogênicos, com a intervenção da consciência profunda.

 

(Capítulo 22 por Chico Xavier)

 O livro “Diálogos e Recordações” busca explicar o plágio pela ‘universalidade do ensino dos espíritos’ (página 253). Eu penso que dado o fato de André Luiz não ser Carlos Chagas, a hipótese espírita cai por terra – a não ser que se considere que o espírito seja um mentiroso ou que o Waldo mentiu –, e é preferível explicar o caso como uma criação inconsciente de ambos os médiuns. O Chico, então, por meio de criptomnésia – amnésia da fonte – reproduziu o conteúdo que constava em “Evolução em Dois Mundos”.  

63 respostas a “Chico Xavier plagia Waldo Vieira?”

  1. Flávio Josefo Diz:

    De todas as matérias ou temas que este blog já mencionou, este é o mais sem lógica, sem fundamento.
    Se os dois livros são do espírito André Luiz, como que o Chico plagiou o Waldo?
    Quem escreveu os dois livros foi o espírito André Luiz. Ele só usou o Waldo e o Chico, na condição de médiuns.
    Como os dois livros tratam de assuntos semelhantes, que se complementam, então não há problema algum de que em ambos, apareçam informações semelhantes ou até as mesmas informações.
    Esta é boa: “o espírito plagiou ele mesmo!!!”

  2. Vitor Diz:

    O problema – e que eu expliquei claramente – é que o André Luiz não é espírito algum, a menos que você considere que o Waldo ou o espírito mentiram sobre sua identidade. Assim, o Chico leu a parte do Waldo que constava no livro “Evolução em Dois Mundos” e reproduziu no livro “Mecanismos da Mediunidade”.

  3. Flávio Josefo Diz:

    Vítor,
    Na sua concepção, na sua conclusão, na sua crença, o espírito André Luiz não existe. Não é a opinião dos espíritas.
    Outros médiuns, também afirmam ter psicografado o André Luiz.
    Chico Xavier respondeu, em certa ocasião, que o espírito André Luiz existia/existe e trata-se de uma única entidade. Porém, o Chico disse também, que o André Luiz “trocava idéias”, conversava, discutia com outros espíritos sobre os livros e os temas para as psicografias. De certa forma, isto vai de encontro à idéia de muitos espíritas, que o André Luiz representava um grupo de espíritos, isto é, vários espíritos escreviam os livros, sob, digamos, a liderança do André Luiz.
    Quanto à questão das semelhanças entre as informações de “Mecanismos” e “O Átomo”, este assunto já foi bastante debatido aqui, mas vale lembrar que tanto em “Mecanismos da Mediunidade”, como em “Evolução Em Dois Mundos”, há informações de que o autor ou os autores espirituais consultaram obras terrenas.
    Quanto às coisas que Waldo Vieira diz, seria melhor perguntar pra ele como se explica a afirmação dele, de que o André Luiz foi Carlos Chagas, mas as informações biográficas de ambos não se equivalem.
    Talvez ele saiba explicar os motivos…

  4. Juliano Diz:

    Vitor

    Veja a coincidência. Sábado eu mandei quatro perguntas ao Waldo Vieira. 1º Nosso Lar existe existe de fato? 2º Se existe, é como narrado pelo Chico? 3º Se existe, o Chico Xavier está na colônia Nosso Lar? 4º Por quê as psicografias do André Luiz vinham com forte cunho religioso?
    Ele leu e não respondeu a contento as minhas perguntas. Sisplesmente disse que o André Luiz tinha que psicografar com este forte aspecto religioso, pois caso contrário as suas mensagens não seriam publicadas pela Federação Espírita.
    Aí eu pensei. A resposta do Waldo só demonstra que o André Luiz não existe. Não tem lógica! Ou o Waldo é um tremendo mentiroso, o que não deixa de ser verdadeiro também. Pois ele se valer de subterfúgios (colocar questões religiosas) para passar a mensagem que desejava passar? Eu acho que se tem que passar a verdade de como é as coisas. Caso contrário, a mensagem por si só já fica prejudicada.
    Vi estes dias que há outros psicógrafos do André Luiz, reconhecidos pelos espíritas. Acho que seria interessante comparar as psicografias. O duro é tempo pra isto!

  5. Juliano Diz:

    Quando digo: – Pois ele (…) – sétima linha de baixo pra cima – falo do André Luiz, e não do Waldo. Pra não restar dúvidas. O negócio não é mole, entrei aqui e no Cetismo e já estou a quase uma hora escrevendo.

  6. Carlos Diz:

    Vítor,
    .
    Se sua tese está correta (criptominésia, criação inconsiente…), então deve haver uma fonte própria para “Evolução em Dois Mundos”. Você tem, ou conhece, algum estudo nesse sentido?

  7. Vitor Diz:

    Eu suspeito que sejam os livros da Blavatsky. Veja aqui:

    http://obraspsicografadas.haaan.com/2010/evoluo-em-dois-mundos-de-chico-xavier-e-waldo-vieira-e-a-doutrina-secreta-de-blavatsky-relaes/

  8. Carlos Diz:

    Embora o trecho seja curto, as semelhanças são evidentes. Porém em Evolução há uma abordagem bem técnica na área da física e da biologia, abrangendo vários capítulos (infelizmente não tenho o livro comigo para ser mais específico e o link para versão digital não está mais ativo). Me parece claro que se o fenômeno é de criptominésia, eles deveriam ter consultado algum livro técnico (a não ser que a Blavatsky também tenha abordados os mesmos assuntos nos seus livros).
    .
    A tese da “criação inconsciente” poderia ser fortalecida se, por exemplo, o estudo de Evolução em Dois Mundos mostrasse que o conhecimento técnico “psicografado” era o disponível nos anos 30-40. Não sei também se há estudos nesse sentido.

  9. Flávio Josefo Diz:

    A questão da criptominésia é algo um tanto raro, pelo menos no nível que está se discutindo aqui. Às vezes, uma pessoa pode ficar com uma lembrança, seja de algo lido, por exemplo, mas é difícil imaginar que a pessoa guarde em sua mente, livros, e reproduza-os com uma nova roupagem, sem se lembrar que as idéias são de outra pessoa. Mais difícil ainda, é imaginar que duas pessoas, tenham a mesma manifestação, com relação ao mesmo tema/assunto, e produzam simultaneamente livros ou textos que se complementem.
    Portanto, pelo menos pra mim, fica descartada a idéia da criptominésia.
    Então, há a hipótese da fraude consciente. Neste caso, primeiramente, surge a questão de que o Chico já fraudava antes do Waldo Vieira. Só que aí aparece o seguinte problema: o Chico jamais assumiu ou deu a entender que fraudava. Então, por que ele teria confiado no Waldo Vieira e contado a ele que fraudava? Ele não precisava do Waldo Vieira, porque já escrevia (psicograva) livros!
    Se ele contasse ao Waldo Vieira que fraudava, poderia pôr a perder todo o seu objetivo, o seu “trabalho”. Não acredito que ele corresse este risco. Parece-me, esta possibilidade, totalmente descartável.
    Também já se falou que o Chico poderia criar as idéias, a partir de seu inconsciente. Bem, neste caso, que inconsciente hein? Então, surge, novamente, o seguinte problema: se o Chico tirava as idéias do inconsciente, num processo de transe, o mesmo teria que ocorrer com o Waldo Vieira. Mais uma hipótese que considero descartável.
    Assim, a única hipótese que considero plausível, de fato, apesar dos opositores, é a da psicografia mesmo.
    Esta é a minha opinião!!!

  10. Vitor Diz:

    Flávio Josefo,

    quanto a criptomnésia (ainda mais no estado de transe), ocorre algo parecido com hipnose, em que a pessoa hipnotizada pode relatar e mesmo fazer várias coisas e não se lembrar. Há casos incríveis com sonâmbulos, inclusive de assassinato. Veja aqui:

    http://www.universo42.com/curiosidades/10-casos-interessantes-de-sonambulismo/

    Eu não descartaria criptomnésia tão rápido. Sem falar que a hipótese espírita não é nada plausível, só se você considerar o espírito um mentiroso.

    E quanto ao inconsciente, quem disse que o mesmo não ocorria com o Waldo? Ele ‘psicografou’ vários livros também.

  11. Marcelo M. Brum Diz:

    Vitor,
    Parabéns pelo trabalho em seu site. Ví que não és leviano e pesquisa a fundo.
    Se provares que as manifestações espíritas são uma farsa, deixarei de acreditar nelas, não vou atrás de mentiras. Porém, que trabalho gigantesco tens pela frente! Só a análise da série “A Haunting” (Assombrassões) veiculada pelo Discovery Channel, feita a partir de relatos das pessoas que vivenciaram situações, dará um bocado de trabalho. Digo isso porque a premissa básica para que a pscografia aconteça é que exista um morto (vivo) do outro lado da linha.
    Quanto a veracidade da psicografia, como é complicado! Surgem “médiuns” todo dia com novos livros “psicografados” por autores do além. Eu posso fazer uma obra dessas, dizendo que é pelo espírito y, quem vai dizer que sim ou não?
    Porém, os casos em que as evidências – e é apenas nisso talvez que possamos nos basear- são patentes é no médium americano do século passado, Andrew Jackson Davies, pessoa simples e de pouco estudo que psicografou obras notáveis como “Penetrália”. Chico é um caso evidencial de peso, dado o volume produzido de “psicografias”, e a conduta moral incontestável e incorruptível.
    Agora, esses possíveis médiuns que aparecem a cada dia com obras psicografadas, precisam ser desmascarados. Espero que voce consiga puxar o fio do tapete, embora acredite de todo meu ser que quando chegar em baixo de Chico Xavier, o nó vai trancar.
    Abraço, parabéns pelo seu blog. Achei muito interessante mesmo. Incluí nos favoritos e vou ver com calma suas constatações. Abraço, Marcelo.

  12. Carlos Diz:

    O Marcelo tocou em alguns pontos importantes. O livro Evolução em Dois Mundos, por exemplo, requer uma análise cuidadosa de uma equipe multidisciplinar tendo em vista os vários tópicos que o livro aborda. Eu não me surpreenderia se, como no Livro dos Espíritos, o “conhecimento” lá exposto ficasse restrito ao conhecimento da época. Nesse caso, a tese do “plágio inconsciente” ganharia força ou, se a hipótese espírita é válida, forçoso seria concluir que espiritos que lá se comunicaram não sabiam mais que os vivos da época.

  13. Flávio Josefo Diz:

    Olá Vítor:
    Admitir a hipótese do transe, ao meu ver vai a favor da idéia da psicografia e não contra.
    Porque o que me incomoda na idéia da fraude, é entender que a pessoa, que se diz médium, conscientemente senta, pega uns livros e começa a bolar história para enganar os bobos.
    Agora, se ocorre o transe, eu entendo que a pessoa, o suposto médium, não está consciente. Então, estaria, mesmo que parcialmente, fora de si. Assim, “quem estaria escrevendo, passando as idéias” poderia, de fato, ser o espírito.
    Porque, neste caso, me parece estranho, pouco provável, que o médium tirasse as idéias seu inconsciente, idéias, história que têm começo, meio e fim; idéias que se manifestam em várias vezes, seguindo uma lógica. Porque, no caso da pessoa estar inconsciente, ela poderia ter idéias variadas, inclusive totalmente “malucas”.
    O que mais me chama atenção, inclusive no caso do transe, é imaginar que duas pessoas, no exemplo do Chico e o Waldo, tivessem um transe que se manifestasse com as mesmas idéias, no caso de “Evolução Em Dois Mundos”.
    Negar a qualidade das obras do Chico, no mínimo, pra mim, é querer aparecer.
    Veja as colocações do Marcelo: “Chico é um caso evidencial de peso…”
    Carlos diz: “O livro Evolução em Dois Mundos, por exemplo, requer uma análise cuidadosa de uma equipe multidisciplinar tendo em vista os vários tópicos que o livro aborda.”
    “uma análise cuidadados de uma equipe multidisciplinar”.
    A coisa é séria!!!

  14. Flávio Josefo Diz:

    Vítor,
    Duas observações:
    – na penúltima linha aí em cima, leia-se: “uma análise cuidadosa de uma equipe multidisciplinar”.
    – eu passei um email pra você, porque eu tinha enviado dois comentários e eles não saíram no blog.
    – achei que você não queria me “aceitar”.
    Os comentários eram do tema anterior, mas deixa prá-lá!
    Então, valeu por ter me “aceito”.

  15. Vitor Diz:

    Flávio Josefo,

    quem está passando as ideias é uma personalidade secundária, nada mais. No meu entender, espírito que erra sua própria biografia não é espírito.
    Conhece o caso de Hélene Smith? Se não conhece, saiba que o inconsciente dela criou até a língua marciana, seguindo uma lógica. Nada maluco.
    Quanto a Chico e Waldo, como ambos “psicografavam” em dias diferentes, e já tinham combinado que um ficaria com os capítulos pares e o outro com os ímpares, então o inconsciente de cada um já sabia a lógica a seguir, a partir de que ponto continuar a “psicografia”, e foi o que fizeram.

  16. Miriam Diz:

    LENTULUS – ENCARNAÇÕES DE EMMANUEL
    livro de Pedro de Campos
    (Investigações históricas q desmontam pseudo-tese deste blog- Leiam o livro e tenham a coragem de publicar algo minimamente credível)
    Nas comemorações do centenário de nascimento e homenagens póstumas a Francisco Cândido Xavier no oitavo ano de sua desencarnação, ocorreram inúmeros eventos para lembrar aquele que foi o expoente máximo do espiritismo no Brasil. Dentre tais eventos está o lançamento do livro Lentulus – Encarnações de Emmanuel. Trata-se de livro raiz, uma historiografia sobre o espírito Emmanuel em duas de suas encarnações na Roma Antiga. A primeira vivida na figura do cônsul Públio Cornelius Lentulus Sura, na época de Cícero; a segunda, na personalidade do senador romano Públio Lentulus, autor da famosa carta retratando a Tibério a figura de Jesus, após tê-lo encontrado em situação especial.

    De início, a obra resgata a história do magistrado Lentulus Sura, os aspectos de sua vida particular, a conjuração de Catilina e as crenças particulares que causaram a sua queda. No auge da trama, são revistas no Senado as soberbas atuações de Cícero, ao promover o julgamento dos acusados, de Júlio César, ao fazer a defesa dos réus, e de Marco Catão, colocando ponto final no julgamento e fazendo valer os seus princípios favoráveis à República. De modo emocionante, no cárcere Mamertino, são revistos os últimos momentos do pretor Lentulus Sura e dos demais acusados, sobrevindo, depois, a vingança de Marco Antônio, descarregando toda sua ira contra os algozes.

    O segundo Lentulus é bisneto do primeiro e reencarnação do mesmo espírito, autor da famosa carta que descreve ao Senado romano a personalidade e a fisionomia de Jesus. Após exaustiva pesquisa, o autor conseguiu resgatar documentos e informações valiosas sobre a famosa carta, oriundos da Antiguidade. Entraram em cena os trabalhos de alguns Pais da Igreja, tais como Justino de Roma, Tertuliano, Irineu de Lyon, Eusébio de Cesareia, Giovanni Damasceno, Gerônimo Xavier e outros importantes autores da época inicial do cristianismo. A chamada Epístola Lentuli e seus achados antigos foram detidamente examinados.

    A Lúmen Editorial acaba de lançar no Brasil esse trabalho de fôlego do autor. Obra fundamentada em fatos, com registros históricos, destinada aos que querem aprofundar estudos e conhecer a verdade sobre esses dois Lentulus movimentados na Roma Antiga, em épocas distintas, pelo espírito Emmanuel. Em paralelo, o leitor conhecerá também a historicidade dos espíritos Erasto e São Luís, em algumas de suas encarnações na Terra, sobretudo em Roma. O livro tem 448 páginas e pode ser encontrado nas principais livrarias do Brasil e sites comerciais da web
    http://lumened.com.br/loja/index.php/lentulus-encarnacoes-de-emmanuel.html

  17. Vitor Diz:

    Miriam,

    grato pela indicação do livro. Lembro que a existência do primeiro Lentulus não está em discussão, ele foi uma personagem histórica real. O segundo Lentulus é que jamais existiu. Você, aliás, já leu o livro para poder dizer com segurança que ele desmonta a ‘pseudo-tese deste blog’?

    Fui conferir o currículo desse Pedro de Campos e olha o que encontrei:

    Pedro de Campos é também autor dos livros: Colônia Capella – A outra face de Adão; Universo Profundo;UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos da Ufologia na Interpretação Espírita. Todos lançados pela Lúmen Editorial.

    Com um “conjunto da obra” desses imagino a qualidade das provas do Pedro… devem mesmo ser de outro mundo! 😀

  18. Flávio Josefo Diz:

    Vítor,
    Descuple-me a observação, mas você está pre-julgando o livro, sem ao menos tê-lo lido, se é que você tem interesse em lê-lo!
    Você poderia me informar o currículo do Senhor JCFF?
    Quantos livros ele publicou?
    Qual a formação dele? Ele tem mestrado, doutorado???
    Só por curiosidade, porque ele se mostra tão conhecedor das coisas que defende, que fiquei abismado com tanto conhecimento!!!

  19. Flávio Josefo Diz:

    Vítor,
    Você como pesquisador, não deveria menosprezar nenhuma fonte. Esta risadinha que você dá no final de sua mensagem, demonstra que você só busca as fontes que te interessam, para provar o que você defende ser a verdade.
    O livro citado aí, pela colega Miriam, pode até ser uma porcaria, mas quem quer fazer ciência, precisa chegar todas as fontes disponíveis, analisar as várias hipóteses.

  20. Flávio Josefo Diz:

    Só corrigindo, na última linha – “precisa chegar = precisa checar”.
    Obrigado!

  21. Flávio Josefo Diz:

    Marcelo M.,
    Achei muito interessante o que você falou sobre Andrew Jackson Davis.
    Fui pesquisar sobre tal pessoa, encontrei umas coisas bem legais. Abaixo, reproduzo uma pequena informação sobre ele, extraída da Wikipédia:

    “Durante o transe, Davis afirmava que podia entrar em um estado de superconsciência que lhe permitia entender o universo por meio da clarividência e, aparentemente, o seu nível cultural tinha se ampliado enormemente, podendo dissertar sobre os mais complexos assuntos, que incluíam filosofia, psicologia, educação, saúde e política.
    Davis também diagnosticava doenças e prescrevia tratamentos que normalmente funcionavam. Ele afirmava que, durante o transe, os corpos físicos das pessoas se tornavam translúcidos e que cada órgão saudável possuía um padrão de luminosidade próprio, que diminuía consideravelmente de intensidade em caso de moléstias. Segundo ele, seria desta forma que era possível identificar e tratar as doenças. Davis assegurava que essa visão espiritual tinha origem em algum ponto no centro de sua testa.”
    (…)
    “Na tarde de 6 de março de 1844, Davis afirmou ter sido inesperadamente envolvido por uma força que o fez levitar e o teria conduzido em uma rápida jornada, em um estado de semi-transe, de Poughkeepsie até às montanhas Catskill, que estavam a 60 quilômetros de distância. Lá, Davis teria se encontrado com dois anciões, que ele identificou como sendo o filósofo e médico grego Cláudio Galeno e o místico sueco Emanuel Swedenborg, que lhe ministraram conhecimentos em medicina e filosofia moral. Segundo Davis, essa experiência havia lhe possibilitado uma grande iluminação intelectual.”
    (…)

  22. Vitor Diz:

    Flávio Josefo,

    comentando:

    01 – Descuple-me a observação, mas você está pre-julgando o livro, sem ao menos tê-lo lido, se é que você tem interesse em lê-lo!

    Estou pré-julgando o livro sim. O histórico do pesquisador me permite isso. O cara só publicou porcaria até hoje! Tenho certeza que o livro é lixo, sem medo de errar. Mas vou lê-lo.

    02 – Você poderia me informar o currículo do Senhor JCFF?

    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4785592E0

    Muito diferente do currículo de outro mundo do Pedro de Campos, diga-se de passagem 😀

    03 – Quantos livros ele publicou?

    Nenhum. A análise do livro “Ha Dois Mil Anos” seria o primeiro livro dele, e distribuído gratuitamente (ao contrário do Pedro de Campos, que está vendendo o livro dele….)

    04 – Qual a formação dele? Ele tem mestrado, doutorado???

    Tem mestrado.

  23. Vitor Diz:

    05 – Você como pesquisador, não deveria menosprezar nenhuma fonte.

    Quem disse isso? Que eu saiba a primeira coisa que um pesquisador faz é selecionar suas fontes. Veja o que diz o livro O Método nas Ciências Naturais e Sociais, por exemplo:

    No que se refere a alunos de graduação e pós graduação, é necessário assinalar que o papel do orientador é fundamental. Ele deve ser um especialista na área e, como tal, capaz de pré-selecionar as leituras necessárias à questão de interesse, evitando que o aluno parta para um “vôo cego”.

    06 – Esta risadinha que você dá no final de sua mensagem, demonstra que você só busca as fontes que te interessam, para provar o que você defende ser a verdade. O livro citado aí, pela colega Miriam, pode até ser uma porcaria, mas quem quer fazer ciência, precisa checar todas as fontes disponíveis, analisar as várias hipóteses.

    O livro será lido e analisado, apenas digo que pelo histórico do pesquisador não espere mudanças no estado da arte concernente à existência de tal personagem.

  24. Flávio Josefo Diz:

    Olá Vítor,
    Agradeço a atenção.
    Quanto ao Sr. JCFF, minha indagação não teve em nenhum momento o obejtivo de diminuir seus atributos. As informações sobre o currículo dele são bastante consideráveis, mas ele não tem formação na área de ciências humanas, mas em exatas.
    Só fiz tal indagação, porque você considera muito significativa a opinião do Sr. JCFF para descaracterizar Emmanuel/Lentulus. Então, queria saber sobre a formação dele na área de História. Apesar, que na minha opinião, sinceramente, formação acadêmica não serve, a princípio ou unicamente, como garantia de referência no julgamento do conhecimento de uma pessoa.
    Como eu disse, e volto a afirmar, você já ridicularizou de cara, com o Pedro de Campos. Só achei esta sua atitude preciptada e até um pouco deselegante com a colega Miriam. Ela nos passou uma informação interessante. Sugeriu uma leitura.
    Sinceramente, não sei nada sobre o Pedro de Campos e não faço a menor idéia sobre a qualidade dos livros dele. Mas, antes de julgar, acho que é melhor dar uma “olhadinha”.
    Fiquei curioso em ler o tal livro, mas também não estou esperando nenhuma “revelação revolucionária”. Sei lá, quem sabe vou gastar uma graninha, comprar o livro e depois a gente conversa.
    É isto aí.

  25. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Minha cara sra. Miriam,

    É sempre muito bom se ter à disposição novas pesquisas sobre uma personagem tão fascinante quanto “Públio Lêntulo”, o senador contemporâneo de Cristo, pretenso autor daquela famosa “carta” ao Senado (ou ao Imperador?) descrevendo Jesus. Pode ter certeza que procurarei adquirir o livro do sr. Campos (vou já encomendá-lo na “Cultura” na 2ª feira próxima), de que o lerei (especialmente no que diz respeito a “Públio Lêntulo”) com o máximo cuidado, e que, se Deus permitir, publicarei aqui, neste “blog”, gratuitamente, uma resenha detalhada do mesmo (focando especialmente, mais uma vez friso, no caso de “Públio Lêntulo”). Tenha igualmente certeza, sra. Miriam, que serei o primeiro a admitir (se for esse o caso) qualquer engano que tenha porventura cometido, e a anunciar (e apoiar) qualquer prova histórica efetiva da existência dessa personagem – se, de fato, o sr. Campos for capaz de as fornecer.

    Mas, claro, a sra. já leu o livro e, aparentemente, considerou a argumentação do sr. Campos bastante convincente (já que diz que no referido livro há “investigações históricas q[ue] desmontam [a] pseudo-tese deste blog”). Sendo esse o caso, tomarei a liberdade de, ao longo desta mensagem, solicitar algumas vezes sua ajuda. Gostaria apenas de (não tendo ainda lido o livro) deixar claros alguns pontos.

    Com relação à existência (e às peripécias) de Públio Cornélio Lêntulo Sura, não há, e nem nunca houve, dúvida alguma acerca disso. Lêntulo Sura é uma personagem histórica real. Há inclusive bastante material (fontes históricas confiáveis, e muitas delas contemporâneas aos eventos) para se escrever sobre o assunto: a “Conspiração de Catilina” de Salústio, as “Catilinárias” do próprio Cícero, a narrativa da conspiração na “História Romana” de Cássio Dião… E isso apenas para citar as obras mais importantes, e conhecidas. Assim, não é, em absoluto, difícil para alguém narrar os fatos, até com bastante riqueza de detalhes, e carregando nos pormenores dramáticos – nas intrigas, no cárcere lúgubre, no sangue… Não, sra. Miriam, o problema não reside aí.

    Novidade haveria (isso sim) se o autor, sr. Campos, pudesse mostrar evidências históricas minimamente confiáveis que apontassem para o fato de Lêntulo Sura ter tido descendentes masculinos que lhe tenham sobrevivido. Como já foi exaustivamente demonstrado neste “blog”, em várias ocasiões, não há nenhuma indicação de que Sura tivesse tido descendentes, já que foi o seu enteado, Marco Antônio (filho de Marco Antônio Crético e de Júlia, que se havia casado com Sura em segundas núpcias), que providenciou os seus funerais – algo que estaria entre as sagradas obrigações dum filho. Se as exéquias de Sura tiveram que ser providenciadas por seu enteado Antônio (que então era um jovem, sem ainda ter alcançado a proeminência que depois teria), isso é uma evidência bastante forte de que Lêntulo Sura não teve filhos homens que lhe sobrevivessem, e que lhe perpetuassem o nome. No entanto, Emanuel diz que era… bisneto de Sura!

    Portanto, no que diz respeito a “Lêntulo Sura”, o conspirador catilinário, a única coisa que poderia ser acrescentada no sentido de viabilizar a existência de “Públio Lêntulo” (seu pretenso bisneto) seria o autor, sr. Campos, demonstrar que Sura teve descendentes masculinos. Eu lhe pergunto, sra. Miriam (já que a sra. leu o livro), ele faz isso?

    Também não há nenhuma citação, em nenhuma fonte histórica, ou mesmo em nenhuma inscrição, acerca de “Públio Lêntulo” o “bisneto de Sura”; e mais, de todos os Lêntulos atestados para a época de Cristo, e depois, NENHUM, demonstravelmente, descendia de Lêntulo Sura. Se o sr. Campos não pôde demonstrar que Lêntulo Sura teve descendentes masculinos que lhe sobrevivessem, foi ele então, sra. Miriam, capaz de, ao menos, encontrar evidência (evidência histórica minimamente confiável…) de algum Lêntulo da época de Cristo que, de fato, descendesse de Sura?

    Claro, logo veremos se isso está demonstrado no livro; mas, como a sra. já o leu, não custaria nada nos adiantar algo (eu lhe juro, sra., que comprarei o livro mesmo assim, e que farei a resenha. Isso é um compromisso que solenemente aqui assumo. E sem cobrar nada por isso).

    Agora, deve-se falar um pouco sobre os testemunhos citados pela sra. em sua mensagem, e que, suponho, a sra., como leitora do livro, analisou: “…alguns Pais da Igreja, tais como Justino de Roma, Tertuliano, Irineu de Lyon, Eusébio de Cesareia, Giovanni Damasceno, Gerônimo Xavier e outros importantes autores da época inicial do cristianismo”.

    São Justino o Mártir não cita Lêntulo em parte alguma de suas obras. A própria concepção que Justino tinha acerca do aspecto físico de Jesus é completamente diferente daquele que consta na “Carta de Lêntulo” – Lêntulo considerava Jesus fisicamente belo; Justino, como fisicamente desprezível. Isso consta em minha pesquisa, e está demonstrado com citações de Justino. O mesmo para Tertuliano, o mesmo para Santo Ireneu da Ásia Menor, bispo de Lugduno (Lião): nenhum deles cita Lêntulo, e a concepção que têm acerca do aspecto físico de Jesus pauta-se pela “teoria da fealdade” (ao passo que “Lêntulo” segue a “teoria da beleza”, que é mais tardia). Espero, sinceramente, que o sr. Campos possa dar uma boa explicação para isso, e mais, mostrar textos (até aqui inéditos) de todos esses autores que citem Lêntulo e a sua “carta”…

    Sobre Eusébio de Cesaréia, em nenhum lugar em sua “História Eclesiástica” ele menciona Lêntulo; e, tanto quanto eu saiba, em nenhuma outra de suas obras. Mas talvez eu tenha perdido algo. A sra., sra. Miriam, poderia já me esclarecer isso: onde o sr. Campos descobriu que Eusébio faz alguma menção a Lêntulo?

    Mas talvez a situação seja outra – talvez todos esses “testemunhos” tenham sido citados porque referem-se, direta ou tangencialmente, ao “ciclo de Pilatos”, mais especificamente à (também apócrifa) “Carta de Pilatos”. Mas isso não tem nada a ver com Lêntulo. Isso não prova que ele, Lêntulo, ou que a sua “carta”, existiram.

    O mesmo se diga para o tal “Giovanni Damasceno” – i.e., para São João de Damasco, o último dos grandes Padres Gregos, que viveu no séc. VIII dC. Diz respeito à descrição da aparência física de Jesus – não há nenhuma, repito, nenhuma, menção a “Públio Lêntulo”.

    Ninguém o cita, muito menos a sua carta. Nem na Cristandade Ocidental, nem na Oriental. Nem o historiador eclesiástico Nicéforo Calisto Xantópulo (morto por volta de 1350 dC), no Oriente, o último dos grandes escritores eclesiásticos bizantinos, sempre tão crédulo, sempre tão minucioso ao coletar as inúmeras “narrativas piedosas”; mesmo ele, quando dá a “descrição física” de Jesus, não cita “Lêntulo”. E nem Tiago de Varagine (c.1230-1298), no Ocidente – nada há sobre “Lêntulo” na sua “Legenda Aurea”, coleção de vidas de santos que compilou c. 1260 dC, na qual também, carinhosamente, alberga todo o tipo de historietas e lendas populares. Lembro-lhe, sra. Miriam, que “Pilatos” é uma coisa, e que “Lêntulo” é outra. Mas talvez haja novidades – talvez o sr. Campos tenha descoberto citações efetivas de Lêntulo, e de sua carta, anteriores a Ludolfo o Cartuxo (c.1300-1378) e aos vários manuscritos dos sécs. XIV-XV. A sra., que leu a obra, e que diz que ela derruba a “pseudo-tese” oriunda de minhas pesquisas, poderia, sem dúvida, me esclarecer isso, ainda que de modo resumido.

    Sobre Jerônimo Xavier (1549-1617), foi um jesuíta, e sobrinho-neto de São Francisco Xavier. Enviado em missão à Índia, inicialmente estabeleceu-se em Goa, seguindo depois para a corte dos Grão-Mogóis, onde permaneceu por longos anos (1595-1614), quer em Lahore, quer em Agra (inicialmente sob o Grão-Mogol Acbar o Grande; depois, desde 1605, sob seu sucessor Jahangir). Após aprender e tornar-se fluente no persa literário (1595-1600), que era a língua da corte do Império Mogol da Índia, Xavier começou a publicar uma série de obras nesse idioma, com o objetivo de tornar conhecido o Cristianismo no âmbito da corte, de captar a benevolência dos governantes e de ajudar os Jesuítas em suas missões. Uma dessas obras (se não a mais importante) foi o “Mir’atu ’l-quds ya’ni dastan-I hazrat-I ’isa”, ou seja, “O Espelho da Santidade”, mais conhecida (tendo em vista o assunto que trata) como “A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Era, de fato, uma combinação de textos tirados não apenas dos Quatro Evangelhos canônicos, mas também de vários outros documentos e de “lendas” populares, dividida em quatro partes: “Natividade e Infância”, “Milagres e Ensinamentos”, “Paixão e Morte” e “Ressurreição e Ascensão”; e uma dessas “outras fontes” era justamente a “carta de Lêntulo”, que Xavier incluiu em sua obra.

    Convenhamos, o fato de um jesuíta em missão na Índia, na corte do Grão-Mogol Acbar, numa obra que escreveu sobre a vida de Cristo, em persa literário, para fins catequéticos e de “captatio benevolentiae”, a partir da compilação dos Evangelhos e de “literatura popular” correlata, isso no início do séc. XVII, citar a “carta de Lêntulo”, não prova absolutamente nada acerca da historicidade, quer da personagem, quer do documento. E, à posição de Xavier (que, talvez, possa ser explicada, ao menos em parte, por seu objetivo apologético e catequético, embora ele tenha sido criticado por isso, e com razão – por incluir em sua obra “lendas piedosas” não confiáveis), poder-se-ia opor claramente (apenas para citar alguns estudiosos católicos dos séculos XV-XVII) as considerações de Lourenço Valla (o secretário do Papa, o mesmo que provou o caráter espúrio da “Doação de Constantino”), ou de Sixto de Siena, ou do Cardeal Belarmino – todos concordes em rejeitar a “carta” como algo falso e espúrio; basta ver a posição oficial da Igreja, com um bom arrazoado, no verbete “Publius Lentulus”, da “Catholic Encyclopaedia”. É de graça; não se precisa pagar nada…

    Claro, o sr. Campos, sem dúvida, sabe disso tudo, e tudo isso deve ter sido levado na devida consideração em seu trabalho – e eu conferirei cada um desses pontos, pode estar certa disso, sra. Miriam. Afinal, como a sra. própria diz, deve-se ter a coragem de “publicar algo minimamente credível”. Em quaisquer circunstâncias, mas muito mais quando se cobra por isso.

    Mas, mais uma vez repito, com certeza o sr. Campos levou tudo isso em consideração – a sra. mesma me pode confirmar, já que leu sua obra. Como é que o sr. Campos lida com os argumentos de Valla, de Sixto de Siena, de Belarmino? Baseado em quê considera Xavier uma fonte mais confiável? E, mais importante do que tudo isso – que tipo de estudos e comparações o sr. Campos efetuou acerca da transmissão dos manuscritos da “Carta de Lêntulo”? Como ele explica a extrema similaridade da descrição de Cristo, constante no “Prólogo” da “Vida de Cristo”, de Ludolfo o Cartuxo (que não é atribuída a nenhum “Lêntulo”), com todos os manuscritos de “Lêntulo” (que são posteriores à edição dessa obra)? E como ele explica a COMPLETA AUSÊNCIA DE QUALQUER MENÇÃO a Lêntulo por quatorze séculos, e até na “Legenda Aurea” de Tiago de Varagine, e até na “Vida de Cristo” de Ludolfo?

    Novamente: Pilatos (e as lendas da “Santa Face”, da “Verônica” e do “Santo Sudário”) é uma coisa; Lêntulo e sua “carta” são outra. Embora ambas sejam fictícias (nisso, claro, são a mesma coisa).

    Mas, enfim, posso estar errado… manuscritos e inscrições inéditas podem vir a ser apresentadas; agora, só falta ler. E lerei. Cuidadosamente. Linha por linha, citação por citação, fonte por fonte. Saudações,

    JCFF.

  26. Roberto Scur Diz:

    Que interessante o que traz aqui a Miriam! Que novidade alvissareira pois que há perspectivas de que novos dados surjam graças ao trabalho de alguém que eu nunca houvera tido notícias até há tão poucas semanas atrás!

    Estava de passagem por Camboriú, na BR101, quando parei para almoçar num shopping das imediações e após entrei num grande magazine de livros indo à seção de livros espíritas.
    Encontrei um livro do Sr. Pedro de Campos intitulado “Os Escolhidos da ufologia na interpretação espírita”. Lendo a sinopse de referência ao autor e ao livro decidi comprá-lo. Era a primeira vez na vida que comprara um livro que tratasse deste tema ETs salvo um única revista UFO há muitos anos atrás.

    Sempre considerei normal e até óbvio que éramos ou seríamos visitados por ETs. A imensidão do Universo e os bilhões de galáxias já descobertas pelo homem não poderiam, quando analisado por alguém que esteja liberto de dogmas ou outras prisões de raciocínio, terem sido criadas por Deus para enfeitar o zimbório celestes dos ilustres terráqueos. Assim sendo jamais duvidei desta possibilidade e tive, há 5 anos atrás, uma experiência não procurada, jamais procurada por mim, de ter avistado um ovnis em uma de minhas muitas viagens à trabalho dirigindo pelas proximidades de Vacaria – RS. Um dos 6 objetos ao findar quase 2 horas de observação parado à beira do acostamento da BR116 acabou por se aproximar de nosso veículo à reduzida distância e ali permaneceu por alguns poucos minutos em que ficamos em expectação e surpresa.
    Portanto, depois deste avistamento, não há como ficar indiferente ao tema, e comprei o livro curioso e intrigado. Gostei do seu conteúdo, da abordagem deste autor espírita, e me deparei com muitas informações que eu ignorava e que fizeram sentido. Recomendo aos interessados no assunto.

    Pena é a atitude do autor deste blog, o Vitor Moura, ao ridicularizar a obra de Pedro de Campos se baseando no título de seus livros. Não leu, não gostou é normal, agora, não ler, não gostar e querer opinar sobre o livro é lamentável e demonstra a imaturidade de quem se diz apoiar na “ciência” para confirmar suas teses anti-espíritas.

    Sei o quão difícil é ler um texto do qual não se dá credibilidade, ou que nosso discernimento não aceita por preconceito, por ignorância ou por considerarmos um conhecimento já roto pelos fatos que o desautorizam.
    Quando vi por primeira vez o enunciado de texto do JCFF tive repulsa inicial, mas ao contrário do VM, antes de qualquer comentário, li todo o texto. Na primeira leitura levantou-me dúvidas, teve o poder de me pedir pesquisas das fontes de onde o autor tirara seus argumentos, e ao iniciar pesquisas mais aprofundadas, para meu alívio inclusive, pude constatar o equívoco lógico deste autor que, embora ostente uma inteligência incomum, não pode ocultar sua ojeriza ao espiritismo, mormente pelo médium Chico Xavier, do qual é combatente inveterado e ardiloso, sabe-se lá por quais razões.

    Mas li por segunda vez e me manifestei várias vezes e após algum tempo, já sem utilidade prosseguir no debate pois que para mim estava comprovado a frágil base que sustenta os arrazoados do JCFF e por não dispor de tempo para fazer um contraponto mais elaborado para demonstrar estes erros, eis que Pedro de Campos faz um livro sobre o tema.

    Lerei esta obra, seguramente, e o quanto antes, esperando que ele tenha tratado do tema com a mesma responsabilidade e qualidade qual fez no livro que acabei de ler, mas é digno de nota o comportamento do JCFF quando, em meio ao seu costumeiro hábito de externar “exaustivamente”, como ele gosta de dizer, em seus longos textos a repetição de seus principais argumentos, que ele apresente a sua generosidade, ou melhor ainda, a sua “caridade” para os mortais que poderão ler sua resenha “GRATUITAMENTE”, ou seja, ele está valorizando àquilo que tanto despreza em Chico Xavier e que foi a maior e mais incontestável obra em toda a sua última reencarnação, qual seja, a caridade, pois esta obra não precisa de resenhas, não há como perseguir, não há como procurar nos baús de livros históricos tão incompletos quanto limitados, nas referências sempre prontas para virem abaixo diante de novas descobertas que sempre surgem para derribar os faustosos pavões do pseudo saber que pululam nos blogs da modernidade.

    Leiam o livro mas não esperem que o ilustríssimo JCFF fará o que ele diz que fará, candidamente e humildemente, a admissão de seu “engano”, pois tratará de buscar mil formas de contradizer e combater o novo e involuntário participante deste blog, nem que seja como o Vitor Moura faz, ridicularizando as informações já divulgadas por este corajoso autor Pedro de Campos. Águas passadas não movem moinhos mas saciam a sede dos viandantes e animais que se acercam do rio logo à frente, porém, quando esta água foi contaminada pela desídia de maus agricultores que despejaram o veneno que utilizaram para combaterem as pragas em suas plantações no leito deste mesmo rio, só que após o seu moinho, matam e adoecem os que a utilizarem inocentemente mais adiante. Se as calúnias e difamações que foram aventadas por este blog fizeram o papel do veneno, não será apenas um reconhecimento de “engano” que haverá de alimpar todo o rio que correu abundante após o moinho deste blog.

  27. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Prezado sr. Scur:

    Do sr., sinceramente, espero apenas duas coisas.

    PRIMEIRA:

    Que o sr. diga exatamente onde eu desprezei a ação caritativa de Francisco Cândido Xavier, ou mesmo dos espíritas; ou onde tenha me referido em termos desrespeitosos, ou insultuosos, à referida pessoa. Mostre isso.

    SEGUNDA:

    Que o sr. justifique racionalmente suas posições, e que explicite o que o faria eventualmente mudar de idéia. Explico-me melhor, nos parágrafos a seguir:

    De fato, mais uma vez recordando os principais pontos que lançam dúvidas muitíssimo mais do que meramente razoáveis acerca da existência de Lêntulo e de sua “carta”, bem como acerca da identificação desse “Lêntulo” com o (pretenso) espírito-guia Emanuel, de Francisco Cândido Xavier:

    I) Há evidências razoáveis que apontam para o fato de que Lêntulo Sura, o conspirador catilinário (pretenso bisavô de Públio Lêntulo), não teve herdeiros masculinos que lhe sobrevivessem, já que foi Marco Antônio, seu enteado, que teve de resgatar seu corpo e providenciar suas exéquias;

    II) De qualquer modo, nenhum dos (muitos) Lêntulos atestados historicamente na época dos Júlio-Cláudios descendia de Lêntulo Sura – a maioria vinha inclusive duma estirpe plebéia que adentrou nos Lêntulos por adoção testamentária, os Lêntulos Marcelinos (originariamente Cláudios Marcelos), os quais, inclusive, a partir do casamento com uma filha de Cipião Násica Serapião, passaram, crescentemente, a reivindicar ascendência cipiônica, chegando inclusive a reutilizar a cripta dos Cipiões para a deposição de suas urnas cinerárias;

    III) Nenhum dos (muitos) Lêntulos atestados historicamente na época dos Júlio-Cláudios é mencionado em “Há Dois Mil Anos” – inclusive o próprio Públio Lêntulo;

    IV) Ao contrário, os parentes de Públio Lêntulo que são mencionados na psicografia – de fato, o tal “Sálvio Lêntulo”, cujo nome, aliás, ostenta um gentílico diferente do de “Cornélio”, o que não faria dele, a rigor, um parente de Públio Lêntulo, de acordo com as regras onomásticas romanas – não são atestados historicamente em lugar algum;

    V) Nada se diz do “cursus honorum” de Lêntulo, quais magistraturas exerceu; quanto a isso, menciona a psicografia apenas um cargo que teria ocupado na cidade de Esmirna – cargo esse que não existia;

    VI) Uma “missão” de um senador romano à Judéia (província imperial procuratoriana) era algo sem sentido e inimaginável, dentro da estrutura administrativa do Império Romano na época dos Júlio-Cláudios. Lêntulo era um senador; Pilatos era um cavaleiro, inferior hierárquico de Lêntulo; se estivesse na Judéia, com um mandato do Imperador (contrariando inclusive a jurisdição de apelação do governador da Síria, que, esse sim, podia intervir na Judéia, e o fez várias vezes), Lêntulo daria ordens a Pilatos, e jamais o trataria como igual – ao contrário do que perpassa ao longo de toda a psicografia;

    VII) Não havia legiões estacionadas na Judéia antes da revolta de 66-72 dC, ao contrário do que a psicografia afirma (e Hollywood faz crer); Pilatos não comandava legionários, mas sim corpos auxiliares, quer de infantaria (“cohortes”), quer de cavalaria (“alae”);

    VIII) Lêntulo não foi membro do conselho de guerra de Tito – tem-se, a partir do historiador Flávio José, a composição completa do conselho de guerra de Tito por ocasião do cerco e tomada de Jerusalém, e nele não consta nenhum Lêntulo. Além do mais, para ser membro do conselho de guerra, Lêntulo teria de ocupar um cargo militar; não havia “conselheiros civis”, como a psicografia dá a entender;

    IX) A própria personagem de “Públio Lêntulo”, como um enviado (ou coisa que o valha) do Imperador à Judéia, de onde teria escrito um relatório ao Senado (ou ao Imperador?) versando sobre Cristo, somente apareceu entre os finais do séc. XIV e os inícios do séc. XV, a partir dum documento, a “carta de Lêntulo” (“epistula Lentuli”), considerada pelo consenso dos historiadores como uma fraude – sendo que, na própria época em que Xavier vinha sendo “assessorado” por Emanuel-Lêntulo, tal fato era plenamente passível de verificação por qualquer pesquisador minimamente cuidadoso – bastava uma visita à seção de livros de referência da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, no Rio de Janeiro;

    X) Certos dados constantes na psicografia, referentes, p.ex., à marcação com giz dos escravos sobre cujo comportamento os vendedores não pudessem dar garantias (quando os marcados com giz eram os escravos estrangeiros), à população da cidade de Roma (Xavier segue a “teoria do milhão”, algo implausível – será que Lêntulo não sabia quanta gente havia na “sua” Roma?), às dimensões do Circo Máximo e à sua pretensa utilização como local de suplício dos cristãos (que ocorreu no Circo de Nero, na esplanada do Vaticano, e não no Circo Máximo – nem disso Lêntulo se lembrava?) são incongruentes com as informações disponibilizadas pelas fontes históricas existentes;

    XI) Enfim, no que diz respeito à antroponímia “emanuelino-xavieriana”: os romanos nomeados na psicografia o são de uma forma completamente incompatível com o modo como os cidadãos romanos eram de fato nomeados na época dos Júlio-Cláudios (sistema do “tria nomina”); e mais: os erros seguem um padrão, justamente o padrão de alguém que, com acesso a um conjunto de “nomes romanos”, sem conhecer o modo como as diferentes partes constituintes de tais nomes (prenomes, nomes gentílicos e cognomes) se articulavam, os combinou de acordo com o padrão brasileiro moderno usual, “nome” + “apelido” (ou “primeiro nome” + “nome de família”). Para variar, o distinto senador “esqueceu-se” totalmente do modo como ele próprio, e seus contemporâneos cidadãos romanos, eram nomeados. Do que mais se esqueceu?

    Tudo isso (e mesmo muito mais) foi demonstrado, com detalhes, numa série de textos postados neste “blog”, que o sr., e quaisquer outros interessados, podem ler e analisar (se é que já não o fizeram):

    —– “Livro ‘Há Dois Mil Anos’ – uma Fraude Histórica Completa”;
    —– “Síntese das Críticas ao livro ‘Há Dois Mil Anos’ (Resumo das conclusões do texto anterior)”;
    —– “Estudo da Aparência Física de Jesus (partes I a IV)”;
    —– “Os Nomes das Personagens no livro ‘Há Dois Mil Anos’, de Chico Xavier”;
    —– “Os Nomes das Personagens no livro ‘Há Dois Mil Anos’, de Chico Xavier – 2a Parte”;
    —– “Pesquisas para a confirmação histórica de ‘Há Dois Mil Anos’”;
    —– “Resposta aos Argumentos mais Comuns dos Espíritas sobre o livro ‘Há Dois Mil Anos’ de Chico Xavier”.
    —– E, por último, “Reflexões Xavierianas” (onde, aliás, consta a presente lista).

    O sr. dá a entender, sr. Scur, que todas essas evidências ainda lhe são insuficientes para considerar extremamente implausível a existência de “Lêntulo” e a sua identificação com “Emanuel”. Tudo bem. Seu direito. No entanto, eu gostaria que o sr. me informasse, e aos demais leitores deste “blog”:

    A) Por que todas essas evidências não são suficientes? O que ficou faltando? Ou, então, em que partes estão os “equívocos lógicos” que o sr. cita em sua mensagem?

    E, tão importante quanto isso:

    B) O que, afinal, o satisfaria? O que seria necessário descobrir, ou evidenciar, ou demonstrar, para que o sr. passasse a considerar a existência de “Lêntulo” (e sua identificação com o tal espírito-guia, se é que existe mesmo um espírito-guia…) como improvável?

    C) Por que, então: a) o sr. aceita a plausibilidade da existência de “Lêntulo”; b) o sr. considera que existe, mesmo, um “espírito-guia”; e c) o sr. aceita a identificação desse (pretenso) espírito-guia com “Lêntulo”?

    RECORDANDO E SUMARIZANDO…

    POR PRIMEIRO: quero que o sr. mostre exatamente onde eu escarneço da ação caritativa de Xavier, ou dos espíritas, ou onde eu insulto Xavier, ou ponho em dúvida o seu caráter.

    POR SEGUNDO: quero que o sr. diga exatamente: a) por que as evidências levantadas até aqui acerca da extrema implausibilidade da existência de “Lêntulo”, e de sua identificação com o (suposto) espírito-guia Emanuel, lhe são insuficientes; b) onde estão, exatamente, os “equívocos lógicos” que o sr. menciona em tais evidências; c) o que, afinal, seria suficiente para que o sr. passasse a duvidar da plausibilidade da existência de “Lêntulo”, e de sua identificação com “Emanuel” – o que, enfim, o satisfaria; d) as razões pelas quais o sr. considera a existência de “Lêntulo” plausível, ou mesmo certa (i.e., o que o faz acreditar que “Lêntulo” existiu historicamente); e) a razão, ou razões, pelas quais o sr. admite a efetiva existência, nisso tudo, dum “espírito-guia” chamado “Emanuel”; e, enfim, f) por que o sr. aceita a identificação desse “espírito-guia” com o tal “Lêntulo”.

    Estou aguardando suas respostas, sr. Scur. Respostas fundamentadas, obviamente. Não lhe deve ser difícil fornecê-las, já que o sr. (como diz) leu e analisou todos os textos referentes ao assunto. Além do mais, o sr., sem dúvida, poderá contar com auxílios que me escapam – os “espíritos-guias”, a par dos extraterrestres macrocéfalos; eles certamente lhe poderão dar, sr. Scur (juntamente com seu “wishful thinking” e com a sua assimetria crítica), as informações que a investigação racional e a evidenciação histórica obstinadamente negam. Maldita História!

    E o que o sr. acha que Kardec pensaria disso tudo? O sr. crê que ele aceitaria a existência de “Lêntulo”?

    Sinceras saudações,

    JCFF.

  28. Flávio Josefo Diz:

    Sr. JCFF,
    Quando li seu comentário endereçado à colega Miriam, também me chamou a atenção, sua colocação: GRATUITAMENTE, numa clara demonstração do quão arrogante e pretensioso o senhor se manifesta, o senhor se acha!
    Como analista do Bacen, o sr. já não é bem remunerado, a ponto de, quem sabe, precisar cobrar por seus “brilhantes” comentários e esclarecimentos?
    O senhor respondeu ao ilustre amigo Scur:

    “Que o sr. diga exatamente onde eu desprezei a ação caritativa de Francisco Cândido Xavier, ou mesmo dos espíritas; ou onde tenha me referido em termos desrespeitosos, ou insultuosos, à referida pessoa. Mostre isso.”

    Basta ler seus comentários neste blog, para verificar o quanto o senhor falta com o respeito não só à pessoa de Chico Xavier, como aos espíritas e aos religiosos em geral:
    São palavras suas:
    “É assim com as pessoas que sentem que receberam uma “graça especial” do Padre Cícero. Ou que se sentem consoladas com as rezas e pedidos à Escrava Anastásia.”
    “Se a dura e cruel realidade não se adapta à nossa visão sentimentalóide, pior para a realidade. Somos todos, de modo democrático, intelectualmente subnutridos. Viva o povo brasileiro! Viva o coração do mundo, a Pátria do Evangelho!”
    “Mas ele era [se referindo ao Chico] também desesperadamente tosco e simplório, no sentido de que estava, desgraçadamente, cercado pela ignorância. E em vários níveis. A começar pelo Brasil; o “gigante” deitado “em berço esplêndido” não passava – e não passa – dum anão cultural.”
    “Desempenhou-se [se referindo ao Chico] muito bem nesse campo, já que gostava de aprender, e tinha material razoável, em quantidade e em qualidade, para aprender; foi até mesmo um tanto radical, acumulando adjetivos, buscando palavras “raras”, numa tentativa patética (e utilizo aqui “patético” no seu sentido etimológico original) de se igualar às suas leituras.”
    – Todos os seus comentários estão recheados de um ar de superioridade, de arrogância e prepotência. Caro Sr. JCFF, o senhor pode até ter pesquisado com profundidade, o senhor pode até estar certo no que defende, mas seja um pouco, pelo menos um pouco, humilde. Respeite o país em que vive, que lhe garante um bom emprego, respeite as pessoas que acreditam na Escrava Anastácia, elas não te pedem nada! Respeite o Chico Xavier e todos aqueles que receberam um consolo, uma esperança do trabalho por ele realizado. Quem o senhor pensa que é, pra falar da sexualidade dele, dos desejos dele, dos conflitos dele. O Chico dizia que conversava com espíritos, o senhor quer se achar Deus!

    O senhor, apesar de não ter formação alguma em História, pois o senhor é engenheiro né? Fica se achando mestre no assunto. O senhor que tanto ridiculariza com a cultura brasileira, deveria saber que ela é uma das culturas mais ricas do mundo. O senhor deveria entender a força do sincretismo religioso, cultural que existe no Brasil.
    O senhor não acredita no espiritismo, deve considerar os espíritas um bando de idiotas, então por que o senhor fica citando Kardec?
    O senhor é católico né? O senhor deve saber muito bem que João Paulo II vai ser beatificado, não é isto? Sabe por quê? Porque dizem que ele fez um milagre. Uma freira lá sei aonde, estava doente, fez uma oração pra ele, pouco tempo depois “foi curada”. Então João Paulo II realizou um milagre! Esta é a fé racional que o senhor segue!
    Nada contra João Paulo II, nem contra a Igreja Católica, até acho que ele foi um grande Papa, uma pessoa muita boa. Parabéns aos católicos, de certa forma eu também sou, todos ganharão mais um santo…
    Eu não tenho a menor idéia do que vou encontrar no livro do Pedro de Campos – já encomendei o livro e vou lê-lo com bastante atenção – pode até ser uma porcaria mesmo, mas antes de julgar, vou conferir.
    Então, senhor JCFF respeite os crentes, os religiosos, respeite os que sofrem, “os moribundos” como o senhor citou em outro comentário. Respeite aqueles que acreditam em Padre Cícero, mesmo que o senhor não concorde com nada disso. Tenha sempre, afinal como o senhor mesmo disse: o Brasil é democrático, o direito de criticar, mas não faça deboche. Seja um pouquinho humilde, como disse o Scur, faça isso, NEM QUE SEJA POR CARIDADE. Se o senhor alcançou um grande nível intelectual, respeite aqueles que ainda estão dando os primeiros passos, qua ainda estão se alfabetizando.

    No final deste último comentário seu, o senhor demonstra toda sua “superioridade”, tirando um sarro e se achando o tal:

    “Estou aguardando suas respostas, sr. Scur. Respostas fundamentadas, obviamente. Não lhe deve ser difícil fornecê-las, já que o sr. (como diz) leu e analisou todos os textos referentes ao assunto. Além do mais, o sr., sem dúvida, poderá contar com auxílios que me escapam – os “espíritos-guias”, a par dos extraterrestres macrocéfalos; eles certamente lhe poderão dar, sr. Scur (juntamente com seu “wishful thinking” e com a sua assimetria crítica), as informações que a investigação racional e a evidenciação histórica obstinadamente negam. Maldita História!”

    Amor ao próximo, também se faz com respeito. As palavras, muitas vezes ferem mais do que uma navalha.
    Neste caso, eu também posso ter exagerado em minhas colocações, mas acho que o senhor deve refletir um pouco…
    É só isso, fique com Deus! (é um desejo sincero)

  29. Carlos Magno Diz:

    Vou somente queimar o toquinho de minha última vela para falar desse assunto moribundo, nos estertores morre-não-morre dos corredores da ala hospitalar blogueira, de doentes terminais monitorados por aparelhos ligados 24 horas por dia, visitados somente pela caridade dos que amam ao próximo, sejam quem forem.
    .
    Esse moço, jcff, além da semântica que usa e abusa, pensa que quanto mais escreve, quanto mais verborrágico ele é, mais argumentos irrefutáveis despeja a entupir os ignorantes comentaristas de níveis sub-intelectuais, comparados à sua grandiosa alti-eloquência.
    .
    Ora, se ele é engenheiro e historiador, reconheçamos, é algo raro, apanágio de poucos, pois mentes inclinadas às ciências exatas normalmente não têm as mesmas versatilidades e talentos para pesquisas de outros campos de mestrias não exatas. E lhe daria meus sinceros parabéns se isso fosse verdade.
    .
    Mas absolutamente não acredito, mesmo porque nos parece óbvio ser ele religioso católico, de alguma ordem leiga, ou talvez diácono. Talvez encomende pesquisas, talvez seja já um sacerdote, ou “ex” que desistiu da vocação por problemas pessoais. Sendo algo disto ou mistura de tudo, disporá de enciclopédias da história universal em grossos tomos, de onde retira seus elementos, terá ou teria acesso permitido a uma biblioteca invejável para pesquisas, com tempo ilimitado para compilar e encher as paciências dos leitores com detalhes, minúcias, dados em latim, referências eruditas de línguas neolatinas e com historinhas mais do que mofadas de um passado totalmente discutível, por que a história como é hoje contada, precisa cada dia mais ser recontada. A arqueologia paralela e sufocada pelos donos da educação e ciência mundiais traz provas incontestes de uma nova história para a humanidade, ou demonstra a inequívoca necessidade de profundos ajustes a documentos mentirosos e falsos. Salvem-se os bons!
    .
    O jcff não entenda absolutamente nada de espiritismo, é um teórico aceleradamente ávido contra isso, contra a reencarnação que não acredita, contra espíritos que ele, na sua particular sabedoria, os nega a todos com a sutileza irônica dos intelectuais auto-suficientes. Detém uma máquina cerebral mortífera, carregada com dispositivos altamente explosivos para aniquilar com a fé alheia, num espaço de um blog receptivo e preparado justamente para isso.
    .
    O jcff, por ser um teórico afastado de tudo, não conhece “in loco” os fenômenos mediúnicos mais fechados até na Umbanda, onde são dados ensinamentos aos de fé, verdadeiras iniciações dentro do próprio espiritismo, revelações especiais e merecedoras para trabalhadores testados e re-testados, ensinamentos que representam conquistas a quem lutou e encarnou os ensinamentos servindo ao próximo com dedicação, inteligência e dedicou-se a muito da pesquisa. E não adianta me perguntar como sei disso porque não o revelarei, e quem é do ramo sabe do que falo.
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    E muitos, pelo poder da vidência interna aberta para o astral viram, conviveram e passaram por situações de provas para poder receber as revelações. E os pseudo céticos, críticos “por fora” dessas coisas, teóricos inatos, riem e zombam de suas próprias ignorâncias, criando um neo anti-espiritismo internético, sem bases sólidas, fundamentado em teorias. Se há falhas no espiritismo há, certamente, mas onde não há falhas nas lides humanas e noutras atividades espirituais por limitações de nossas mentes, apesar de ensinamentos procedentes? A ciência oficial e necessária vive, não obstante, mentindo, enganando, sofismando e tudo passa como experiências necessárias para o alcance da verdade. Qual verdade, a cética? Mas não o espiritismo, esse já nasceu réu julgado e condenado!
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    O Vitor não sabe, o Mori não sabe, o jcff não sabe. Eles não sabem do espiritismo vivido e experimentado contra o que pretendem discutir com cátedra teórica. Pretendem ser técnicos no assunto, mas técnicos são práticos, com muitos anos de vivência no ramo, com mangas arregaçadas e mãos na massa. No entanto, estes daqui são meros especuladores teóricos com uma mensagem de desamor incontido que pressiona suas mentes mal ajustadas contra valores sutis e sensíveis de outra ordem dimensional.

    E o próprio quantismo da moderna física que desnuda os velhos, surrados e cansados axiomas da física ortodoxa e tradicional, trazendo mensagens novas e possíveis para as mentes abertas, sofre totais contestações por abordar dimensões acima do físico. E também por encontrar possibilidades da origem da vida e de novas versões para a explosão material do universo, que vão muito além da arraigada e minúscula imaginação acadêmica humana acostumada a endeusar valores primitivos darwinianos e mentirosos. Ou do lado religioso dogmático que não entende ainda a simbologia Adão e Eva!
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    Minha vela já se acaba e a cera derrete dentre os dedos; por isso urge encerrar, dizendo antes que a pior, a pior seta mortífera criada pelo intelecto limitado do homem, por mais desenvolvido que seja, é aquela que lhe perfura totalmente o cérebro fanatizado, e que desperta energias negativas no coração: – a seta do orgulho intelectual. Por que é uma forte arma protegendo contra o arejamento sutil, à intuição verdadeira, que estimula o instinto intelectual como se intuição fora, que gira em torno e em círculos envolvendo a inteligência do ego pequeno para não deixar escapar-lhe sua particular verdade. Produz, nesses movimentos, uma carapaça enganadora dentro da qual se criam serpentes no pensamento, na alma, amarras ao inútil. Pretensamente esse ego insuflado e envaidecido julga-se enriquecido com os melhores e mais verdadeiros valores do conhecimento humano. Mesmo que se reafirme humilde, gentil e compreensivo, essa é a outra face negativa do soberbo intelecto: a de saber dissimular e enganar iludidos.
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    Os intoxicados pelo conhecimento acadêmico, dirigidos unicamente para uma só direção, se religiosos arraigados, se consideram divulgadores da verdade nos dois lados, mas não abrigam outras verdades materiais ou espirituais senão as que foram ensinados a aceitar. E estando sem asas coladas com cera como a lenda de Dédalo e Ícaro nos conta, e ao contrário deles conseguirão alcançar Deus acima do Olimpo a qualquer hora, e por Ele serão recebidos com honras e glórias, pois vivendo entre os homens ignorantes ensinaram as verdades e contestaram sem a menor cerimônia às mentiras.
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    Se são ateus, não acreditando num Deus imanente e transcendente, como ensinado pelos guias e mentores espíritas, serão eles o próprio deus-matéria a derrogar todas as crenças inúteis que a burra humanidade preserva no inconsciente desde imemoriais tempos, desde gosmentas formas gelatinosas, até a macacos ruidosos, orangotangos, gorilas, homo sapiens sapiens. E uma parcela de mais de 20 milhões de pessoas, hoje adernada das irrefutáveis verdades genéticas, se tornaram pobres espíritas contra quem lutarão!
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    Acabou a vela!
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    Abraços aos espíritas sinceros, conhecedores da doutrina e obreiros de uma verdade sensível, abrangente a toda a humanidade.

  30. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Sr. Flávio Josefo:

    Não vou me prolongar muito nessa discussão, pois tudo isso não passa de manobras diversionistas, a fim de retirá-la de seu foco: a) apresentação de críticas válidas (histórica e racionalmente embasadas) a meus trabalhos, bem como b) apresentação de investigações (histórica e racionalmente embasadas) que corroborem a existência de “Lêntulo” e a sua identificação com “Emanuel” (se é que existe um “Emanuel”, volto a repetir).

    Eu nunca me desviei desse caminho; sempre procurei responder, da melhor forma possível, às (pouquíssimas) críticas embasadas, ou bem intencionadas, que foram dirigidas a meu trabalho (note bem: não a mim, mas a meu trabalho). Quem passou aos ataques pessoais gratuitos, inclusive troçando da minha religião assim que a descobriram; quem passou a se escudar (covardemente) na “mensagem”, nas “idéias” e na “caridade” de Xavier, como se isso, por si só, provasse os pontos históricos em debate; quem passou a me acusar (sem provas, e gratuitamente), na maior parte das vezes de forma nojentamente ofensiva, de tudo que era ruim; e, principalmente, usando um velho bordão de calúnia, quem afirmou que eu odiava Xavier pessoalmente, ou o seu trabalho caritativo (bem como o dos espíritas, ou de qualquer pessoa), a ele dirigindo insultos pessoais – quem fez tudo isso foram os espíritas, ou, pelo menos, alguns que assim se denominam, ou que por essa doutrina têm simpatia. Sem nenhuma “humildade”!

    O sr., de fato, tem toda a razão quando diz que as palavras podem ferir mais do que uma navalha. Especialmente se são desfocadas, gratuitas e absolutamente injustas.

    Todas as vezes que me manifestei, foi para responder, no que considerei pertinente e útil, a esses ataques mentirosos e covardes, que (mais uma vez enfatizo) não passam de manobras diversionistas, já que as pessoas parecem não ter nenhum argumento realmente válido, factual e racionalmente embasado, a opor às minhas investigações e às minhas conclusões. Nunca ataquei ninguém gratuitamente. Mostre-me onde fiz isso; o que fiz, foi responder àqueles que me insultavam (a mim, pessoalmente), ou que simplesmente desqualificavam meu trabalho, sem apresentar qualquer razão para isso. Leia, sr. Flávio Josefo (se é que já não leu), as várias mensagens minhas, em todos os textos deste “blog” que citei, e veja se a situação não é justamente essa que apontei.

    E o sr. diz que EU é que devo ser “humilde”!!! Na realidade, sr. Flávio Josefo, o sr. não quer que eu seja “humilde”; o sr. quer que eu seja um saco de pancadas, e não reaja; que eu seja um “alvo manso”, e fique quieto… Meu caro sr., isso, com certeza, eu não serei.

    Antes de pedir “humildade” a mim, peça-a aos vários espíritas e/ou simpatizantes, que aqui (na absoluta falta de argumentos) partem para o ataque gratuito. Apenas para citar o mais recente exemplo (só o mais recente!…), a sra. Miriam, provavelmente sem sequer ter lido o livro do sr. Campos, já que o que coloca em sua mensagem é apenas um “copiar e colar” da resenha constante, entre outros, neste endereço:

    http://www.ufo.com.br/blog/pedrodecampos/19-lentulus–encarnacoes-de-emmanuel-livro-de-pedro-de-campos

    Pois bem, essa sra. assevera que a obra do sr. Campos tem investigações históricas “que desmontam a pseudo-tese deste ‘blog’”; e que, aqui, dever-se-ia ter a “coragem de publicar algo minimamente credível”. Muito “humilde”, não? Por que o sr. não aproveita a ocasião e lhe aconselha também “humildade”? Essa virtude tão “querida” e tão “praticada” pelos espíritas!…

    Sobre as citações (totalmente arrancadas do contexto geral em que foram proferidas) que o sr. utiliza para provar minha “arrogância” e “desprezo” pessoal por Xavier, ou pela sua ação caritativa, não mostram absolutamente nada disso. São observações (muitas vezes de índole pessoal, como, aliás, expressamente esclarecido nos textos) acerca de situações que, DE FATO, ocorrem: as pessoas procurando, a todo o custo, consolo, se iludindo e se enganando, ou se deixando-se enganar. Onde isso significa desrespeitar pessoalmente alguém? Onde, nisso, há desprezo por ações caritativas em si, que procurem aliviar o sofrimento das pessoas?

    Novamente: ONDE, sr. Flávio Josefo, eu insultei a personalidade de Xavier, ou mostrei desprezo pelo trabalho caritativo (pela obra social), de espíritas ou de outros?

    O que há (e sempre haverá, de minha parte), especialmente quando for atacado, e atacado com os subterfúgios covardes e diversionistas que já citei, é, sim, a exposição, factual e lógica, daquilo que se me afigura como manipulação das pessoas, e como um cultivo cuidadoso da ignorância – tendo por pretexto a “prática do bem”.

    Mostre também, sr. Flávio Josefo, onde desprezo o Brasil. Apontar fatos que são evidentes, e até quantificáveis numericamente, não é desprezo, é obrigação de quem pensa, e que se preocupa com o destino de nossa terra. Por querer o melhor para meu país (e me sentir extremamente triste com a sua situação, tanto passada quanto presente) é que me comporto como me comporto (tanto em meu emprego quanto em minha vida social, e também aqui neste “blog”); que faço o que faço; que pesquiso como pesquiso; que escrevo o que escrevo. Uma modesta contribuição minha para que as coisas importantes sejam estudadas num nível compatível com a sua importância. Eu não escrevi uma meia-dúzia de frases, sem argumentação, contra a plausibilidade da existência de “Lêntulo”; ao contrário, eu pesquisei, da melhor forma possível, por muitíssimo tempo, o assunto, e elenquei longa e detalhadamente todas as conclusões, fundamentando-as. Estão (sempre estiveram) abertas ao reexame e à crítica. Se as pessoas, ao menos, fizessem isso!…

    As minhas pesquisas são fruto de muitos anos de trabalho. Há pelo menos uns nove anos atrás eu já poderia ter escrito muito do que escrevi acerca desse assunto; mas me abstive, pesquisei mais, entrei em maiores detalhes. Não para conseguir “mais provas” contra Lêntulo (já então as tinha muitas!); justamente o contrário, para ver se descobria alguma prova “a favor”. E não encontrei nenhuma, apesar de ter pesquisado exaustivamente o assunto (ou, ao menos, tão exaustivamente quanto me foi possível). Repito, sr. Flávio Josefo, eu levo muito a sério as crenças das pessoas (sejam bem ou mal embasadas); se tinha que escrever algo que fatalmente iria de encontro àquilo em que muitos com sinceridade acreditam, teria que estar, como se costuma dizer, muito bem calçado. Isso não é mérito; é obrigação; não fiz nada de mais. Eu não estou aqui para brincadeiras, e nem para ataques infundados ou gratuitos – estou aqui para defender uma posição que me parece solidamente embasada. E faço questão de cobrar esse mesmo nível (que, repito, não passa de obrigação moral) a qualquer um que me critique, e muito mais àqueles que simplesmente me atacam, ou atacam meu trabalho, sem embasamento. Todos devem arcar com a responsabilidade sobre aquilo que falam ou escrevem, ou sobre as opiniões que esposam.

    Se sou historiador ou engenheiro, isso pouco (ou nada) importa. Eu nunca indaguei a ninguém, sr. Flávio Josefo, acerca de sua formação, ou de sua crença religiosa. Verifique isso por si mesmo ao longo de todas as mensagens deste “blog”, se não acredita em mim. Por quê? Porque o que me interessa é a qualidade (e o grau probante) dos argumentos e dos trabalhos. Por que essa ânsia em saber quem sou, quais minhas “qualificações” acadêmicas, qual a minha crença? Simplesmente para se ter material para ataques “ad hominem”. Um velho truque de quem não tem argumentos. Manobra diversionista.

    Que o foco sejam as pesquisas – se são boas ou não, se têm ou não falhas, e quais as falhas. A mania de se agarrar a títulos e a diplomas, dobrando abjetamente a espinha e os joelhos diante deles, tornando-os fetiches, como se eles, por si mesmos, garantissem sabedoria, é outro dos (inumeráveis) sintomas de nosso subdesenvolvimento, do fato de que (sim, é duro, mas é real) ainda não passamos duma periferia.

    Pessoas crédulas, com poucas luzes (por vários motivos, inclusive porque não tiveram oportunidade de receber bons exemplos e uma boa instrução – uma “boa instrução” por si não vale muito, é necessária toda uma “ambiência social”, toda uma rede de “bons exemplos” e de “bons modelos”), existem em todos os lugares do mundo. Infelizmente, nem todos podem, ou conseguem, ou têm a chance de, treinar a mente, e de desenvolver o hábito da inquirição racional – a prática do “discurso dialético” aristotélico. Tudo bem; temos que viver com isso, no Brasil ou na Suíça; nos EUA ou na Índia. O triste, contudo, é quando essa ausência impera no próprio estrato “intelectual”, nas pessoas ditas “instruídas” e “influentes”, que têm condições de, direta ou indiretamente, guiar a sociedade. Muitos dos que escrevem (textos ou comentários) neste “blog” pertencem, dum modo ou de outro, ora mais, ora menos, a essa categoria. E veja que tipo de “argumentação” usam!…

    Sobre a situação calamitosa de nossa sociedade, em geral, e de nossa cultura, em particular, isso é, aliás, algo óbvio. Basta ver os indicadores sócio-econômicos (p.ex., a distribuição de renda; o peso excessivo dos impostos e sua sobrecarga em todo o tecido social; etc.), e, mesmo, educacionais (o desempenho de nossos estudantes no PISA, p.ex.), comparando-os nem digo com os dos países mais desenvolvidos, mas mesmo com os “medianamente” desenvolvidos. Como já comentei inclusive num outro texto deste “blog”, não tivemos imprensa, ou algo próximo de universidades, até ao séc. XIX (ao contrário de nossos próprios vizinhos latino-americanos); é preciso mostrar mais alguma coisa? Eu não estou inventando nada disso; os dados estão aí, para qualquer um que tenha olhos e mais de dois neurônios ver e analisar. Atualmente é comum se celebrar mais um período de crescimento e de desenvolvimento neste país, tendo por base, principalmente, o fato de que a “crise mundial” não nos atingiu, ou o fato de que cresceram os empregos formais, ou então o fato de que muitos antes “pobres” ascenderam socialmente. Tudo isso é muito bom; que continue assim! Mas é sustentável? Nesse processo todo, nessa conjuntura global, o que somos? Atores ou espectadores? Nosso papel é ativo ou passivo? Temos o controle, ou ao menos um razoável grau de controle, sobre a nossa situação? Não será mais um “vôo de galinha”? Deus não permita – mas, não será? Temos “massa intelectual” e “peso cultural” para manter essa trajetória (porque é isso o que importa)?

    O sr. fala de “sincretismo cultural”, como se isso fosse uma “riqueza”. Não compartilho, em absoluto, nem de sua opinião, e nem de seu otimismo. Uma coisa é ser influenciado por culturas e/ou civilizações passadas (as quais têm valor objetivo, e não subjetivo – umas são melhores que as outras, e pronto), sintetizando-as na construção de algo novo e sustentável por si próprio (foi isso o que ocorreu, p.ex., na construção da cultura ocidental, construção essa que ocorreu na Europa Medieval católica, e sob a égide da Igreja Católica); outra coisa, bem diferente (tanto em complexidade quanto em valor) é uma costura mal-arranjada, numa colcha de retalhos, de fragmentos de diversas culturas e civilizações passadas, uma “cultura de supermercado”, “pick and choose”, uma “cultura Lego”, como notou de modo tão feliz Jacques Attali em seu “Dicionário do Século XXI” – da qual ele, numa passagem memorável, faz o próprio Brasil o grande expoente: “[O Brasil] já pode ser considerado um modelo premonitório do que será o mundo amanhã (…) o melhor protótipo da ‘cultura Lego’ que se anuncia como universal: amontoado de fragmentos de civilizações que poderão ser reunidos ao bel-prazer de cada um”.

    Para mim, há pouquíssimo valor (se é que há algum) nisso. Ao longo da História, nenhuma civilização séria se construiu assim. A Grécia não foi uma “cultura Lego” (embora fosse influenciada, entre outras, pelas culturas orientais anteriores); nem Roma (influenciada, entre outras, pela Etrúria e pela Grécia); nem, muito menos, a nossa civilização ocidental (influenciada pelo direito romano, pela filosofia grega, pela religião judaico-cristã – e pelas instituições germânicas, igualmente). Em todos esses exemplos houve síntese, não amontoado; entendimento, absorção e reaplicação, NÃO sincretismo.

    Meu caro sr. Flávio Josefo, amo por demais meu país para me permitir o luxo (ou melhor, a imbecilidade) de ser um iludido, ou um ufanista. Se isso o incomoda, ou se o sr. toma isso por “desprezo” pelo Brasil, pela sua gente ou pelo seu futuro – bem, sinto muito, nada posso fazer a respeito.

    Por último, apenas um detalhe: se tenho um bom emprego, lutei por isso. Não me caiu do céu. E nele procuro me comportar da forma mais honrosa possível, porque meu “patrão” é o povo brasileiro. E nem o sr., e nem ninguém, tem nada a ver com isso. Preocupe-se com o que importa, sr. Flávio Josefo. Eu não sei nada (e nem quero saber) acerca do sr., e nem de ninguém mais; do sr. (bem como dos outros) me interessam apenas a qualidade de seus argumentos.

    Dito tudo isso, pode-se agora, então, repor a questão em seu devido foco; e o foco pode ser resumido nos itens a seguir:

    A) Onde eu escarneço da ação caritativa de Xavier, ou dos espíritas, ou de qualquer um, ou onde ponho em dúvida o caráter de Xavier?

    B) Por que as evidências levantadas até aqui acerca da extrema implausibilidade da existência de “Lêntulo”, e de sua identificação com o (suposto) espírito-guia Emanuel, não são consideradas suficientes?

    C) Caso não sejam: a) onde estão, exatamente, os pontos fracos e os equívocos de tais evidências, e b) o que, então, seria considerado suficiente para que se passasse a duvidar da plausibilidade da existência de “Lêntulo”, e de sua identificação com “Emanuel”?

    D) As razões pelas quais se aceita a plausibilidade (ou a certeza) da existência histórica efetiva de “Lêntulo”.

    E) As razões pelas quais se aceita a identificação de “Lêntulo” com o (pretenso) espírito-guia “Emanuel”.

    Para o sr., sr. Flávio Josefo, bem como para o sr. Scur, espero respostas para os itens “A” a “E” acima; para o sr. Biasetto, espero respostas para os itens “B” a “E”. Quanto ao ilustre prof. sr. Pinheiro Martins, estou tentando terminar um texto sobre suas colocações acerca da confiabilidade de fontes históricas (algumas delas bem interessantes, e que merecem um tratamento condigno, e detalhado).

    Enfim, especificamente quanto à sra. Miriam, continuo esperando seu auxílio acerca dos pontos específicos referentes à obra do sr. Campos, que já referi anteriormente. Seria, sem dúvida, de imenso auxílio (mas mais uma vez me comprometo a, qualquer que seja o caso, ler e analisar a referida obra).

    Sds,

    JCFF.



    ADENDO:

    Ao comentário (que acabei de ver) do sr. Carlos Magno (exemplo perfeito e acabado de tudo aquilo que venho escrevendo sobre meus opositores):

    Como o sr. Carlos Magno não tem argumentos para opor aos meus trabalhos, faz o que sabe fazer de melhor: calunia e mente. Gostaria que o sr. mostrasse, a mim e a todos os demais leitores deste “blog”, as evidências que tem para afirmar que sou:

    —– Religioso católico, de alguma ordem leiga (qual ordem?), talvez mesmo diácono (onde, e quando, fui ordenado?);

    —– Que eu encomendo pesquisas (isso, realmente, eu faço questão que o sr. prove; se não puder fazê-lo, tem-se aqui um caso claro, e explicitamente documentado, de calúnia e de difamação);

    —– Que eu seja um sacerdote, ou ex-sacerdote, que teria desistido da vocação por “problemas pessoais” (quais problemas?). Quisera eu ter a vocação sacerdotal, mas em absoluto não a tenho (especialmente no que diz respeito ao celibato); nunca pensei em ser sacerdote, nunca estudei em seminários, e nem em escolas católicas – apenas em escolas públicas, do ensino fundamental à Universidade;

    —– Que disponho de “enciclopédias da história universal em grossos tomos”. Sim, tenho muitos livros, que compro com meu dinheiro; e daí? Também isso é crime para os espíritas?

    —– Que tenho acesso permitido a uma “biblioteca invejável” para pesquisas (aos “arquivos secretos” do Vaticano, talvez!!! Ah, a ignorância e o ódio!);

    —– Enfim, que disponho de “tempo ilimitado” para “compilar e encher as paciências dos leitores com detalhes” (ou seja, que sou um vagabundo em meu emprego – faço questão que o sr. prove isso, e detalhadamente, já que conhece tanto da minha vida).

    Todos os itens anteriores são mentirosos (exceto pelo fato de eu possuir muitos livros – não muitas enciclopédias históricas; de fato, prefiro os livros especializados, são mais confiáveis e pormenorizados). Prove tais itens, sr. Carlos Magno. Se não puder fazê-lo (e não poderá, porque não passam de mentiras, inventadas por uma mente espumante de ódio, diante da impotência que, no fundo, sabe possuir acerca dos temas em pauta), e se não puder contribuir com algo minimamente útil para o debate, eu sugeriria, parafraseando o rei João Carlos de Espanha, que o sr. se calasse.

    JCFF.

  31. Juliano Diz:

    JCFF

    Discordando dos meus amigos Roberto e Eduardo, e do Flávio Josefo, Carlos Magno e Mirian, que não os conheço, mas possuem a mesma linha de pensamento dos dois descritos acima, vejo que teus argumentos são essencialmente técnicos e não são contestados com contra argumentos técnicos. Tem que ver o livro do Pedro de Campos e a argumentação dele. Eu não li o livro, sequer sabia do mesmo, não vou ler no momento e nos próximos meses, mas espero o debate e a troca de idéias sobre o tópico referente ao livro “Há dois mil anos” do Chico Xavier.
    Porém, em face do teu evidente conhecimento técnico da história antiga, e como você não nega que é católico. Gostaria do teu posicionamento, caso tenha algum estudo desde já agradeço, sobre duas figuras da história antiga que estão umbilicalmente ligadas a figura de Jesus Cristo, um na discutível cruxificação e ressureição ao terceiro dia, e ao outro no crescimento da igreja católica apostólica romana na europa pagã, onde em mil anos toda uma cultura religiosa foi sufocada e destruída quase que por completo no continente europeu. Falo dos personagens históricos Pôncio Pilatos e Constantino I.
    Desde já agradeço a atenção e possíveis informações.

  32. Carlos Magno Diz:

    O sr.jcff, ficou nervoso e por isso não soube interpretar os tempos dos verbos que utilizei.
    .
    Não afirmei taxativamente, mencionei sim, que me parecia óbvio ser ele, tal e tal. Isto não é nem mentira nem acusação. E reparem bem que usei sempre do condicional, do suposto, do talvez, por que realmente não o conheço e isso não foram acusações, são conjeturas sobre suas origens intelectuais e das fontes de acirrados elementos derrogatórios contra o espiritismo. Nada de mal. E essas suposições não são nenhuma novidade; alguns comentaristas já disseram coisas semelhantes do senhor e não houve essa fúria.
    .
    Pior mesmo é o veneno que o senhor destila contra o espiritismo e fé espírita ao longo desses anos. Por que zangar-se agora?
    .
    O que afirmei claramente e reafirmo agora é que o senhor é um “baita” de um “intelectualóide” em termos de espiritismo. Como faz jorrar a incensante e caudalosa cascata dos efêmeros argumentos sobre uma ciência que sequer arranha com sua sapiência de gabinete!
    .
    O senhor não sabe nada, senhor jcff, e pensa que sabe muito com sua teoria histórica pra lá de mofada. O senhor precisa de muitas reflexões, sinceridade e humildade intelectual para enter daquilo que se mete a escrever mal, a envenenar. Seja sábio um dia, cale-se!
    .
    Contestar seus argumentos, pra quê? Pra que perder tempo com laudas da história a fim de contra-argumentar, porque essa história que o senhor evoca está tão distante da verdade espírita como um grão de areia aqui no Brasil está para o Himalaia! Pra que responder item por item, alimentar mais ainda sua vaidade erudita? Tenho mais o que fazer! Por isso só queimei um toquinho da vela e não vou acender outro.
    .
    Abraços senhor, e por favor pare de perseguir o espiritismo e os espíritas com suas jactâncias supostamente fundamentadas com a verdade! Viva a sua vida e deixe os outros viverem a fé, a verdade que encaram, pois o senhor não é nenhum paladino da história!

  33. Carlos Magno Diz:

    correção 1.incessante.
    correção 2. entender

  34. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Sr. Carlos Magno:

    O que o sr. fez em sua mensagem foi muito mais do que a simples emissão de opiniões, e o sr. sabe muito bem disso; foram insinuações maldosas, e absolutamente mentirosas – o sr. mesmo se trai, quando diz que tudo isso lhe parece “óbvio”. Volto a insistir: prove suas insinuações; ou então desculpe-se; ou então cale-se.

    JCFF.

  35. Flávio Josefo Diz:

    Sr. JCFF,
    O senhor adora escrever, escrever, escrever…, usar termos, dar uma de superior. Não precisa escrever tanto, para mostrar que o senhor tem conhecimento, que o senhor acha que tem, porque humildade o senhor não tem nenhuma, o que já demonstra falta de conhecimento.
    O senhor pesquisou e achou o que quis achar, simplesmente porque o senhor abomina o espiritismo. O Carlos Magno e o Scur falaram de experiências pessoais , que certamente o senhor também despreza, porque o senhor é o tal.
    Agora vem com este discurso ridículo que ama o Brasil, que respeita as crenças alheias.
    O senhor ridiculariza o tempo todo com as crenças dos outros, mostrando preconceito e deboche. Fala com ar de menosprezo da “escrava Anastácia”. Por quê? Porque negro e ex-escravo não tem espírito? O senhor chama o Chico de “tosco” e “patético”, depois vem dizer que o respeita. Que respeita os espíritas!!!
    Patético é o senhor, um engenheiro que fez concurso pra ser analista do Bacen e se mete a ser o “dono da verdade” em História.
    O senhor como católico, obviamente, também é cristão. Então siga os ensinamentos de Cristo: respeito, humildade, amor…
    O senhor ridicularizou com o Scur que afirmou ter tido uma “experiência ufológica”.
    Há poucos dias atrás li no jornal O Estado de São Paulo, uma matéria da BBC, onde um CIENTISTA afirma que a vida pode existir em 40 mil planetas. Agora não vou gastar meu tempo pra pesquisar o nome do cientista e a matéria, mas se for preciso eu descubro.
    Todas as pessoas que tiveram contato com Chico Xavier, afirmam ter vivenciado um momento mágico, inesquecível, com um significado pra toda a vida. Gente simples, gente famosa, artistas, escritores, pais, mães… Pessoas de carne e osso e alma, que afirmam com lágrimas nos olhos o que sentiram.
    Agora vem o senhor, PATETICAMENTE, RIDICULARMENTE, dizer o que o Chico era ou não era, no que ele pensava ou não pensava.
    Vê se se enxerga, cara!

  36. Carlos Magno Diz:

    Já queimei meu último toco de vela.
    .
    Sorry.

  37. Carlos Diz:

    Carlos Magno, Scur, Josefo, Biasetto…
    .
    JCFF afirma taxatativamente que não havia um Lêntulo no conselho de guerra de Tito, coisa que Chico Xavier afirma! Mostrem que JCFF está errado, que não houve rigor na consulta de documentos e que, contrariamente ao que ele afirma, havia sim um Públio Lêntulo no conselho de guerra de Tito e portanto Chico-Emanuel estão corretos. Basta demonstrar esse ponto para que a teia de argumentos do JCFF sofra um sério abalo.
    .
    É isso que JCFF espera de vocês e nós, que acompanhamos o debate, esperamos também. O que se verifica é a tentativa sistemática de desqualificar o JFCC e, por tabela, desqualificar o seu trabalho. Essa a impressão que fica, infelizmente, para os que acreditam na autenticidade histórica de Emanuel-Lêntulo.

  38. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Prezado sr. Carlos,

    Especificamente sobre a composição do “conselho de guerra” de Tito, as informações são dadas explicitamente pelo historiador Flávio José. Com efeito, antes do assalto final ao Templo de Jerusalém, Tito reuniu seu conselho de guerra:

    “Então, no dia seguinte, Tito ordenou que parte de suas forças apagasse o fogo [ateado aos portões exteriores do Templo], e construíssem uma passagem para facilitar o assalto final, enquanto ele próprio reunia o seu conselho de guerra, composto pelos seis comandantes mais graduados: Tibério Alexandre, comandante geral de campo; Sexto Cereal, comandante da quinta legião; Lárcio Lépido, comandante da décima legião; Tito Frígio, comandante da décima-quinta legião; Etérnio Frontão, comandante das duas legiões egípcias; e Marco Antônio Juliano, procurador da Judéia [é a única vez que esse nome é mencionado; trata-se, provavelmente, do sucessor nomeado de Géssio Floro]. Também estavam presentes os demais prefeitos e tribunos [i.e., os comandantes das tropas auxiliares e os tribunos militares das legiões, como ouvintes]. Tito solicitou-lhes o parecer acerca de como agir no ataque ao Templo”. (Flávio José, “A Guerra Judaica”, livro VI, cap. 4o, par. 3o [236-238])

    Até aqui, o historiador Flávio José.

    Note, sr. Carlos, duas coisas: a) nenhuma menção a Lêntulo (nem aqui, e nem em lugar algum de “A Guerra Judaica” – no mínimo estranho, não?); b) que todos os membros do “conselho de guerra”, tanto os com “voz ativa“ quanto os “ouvintes”, eram militares, com participação ativa na campanha. Não há nenhuma evidência, ao menos que seja de meu conhecimento, da existência de “conselheiros civis”, ou “adidos civis”, ou coisa que o valha, nos conselhos de guerra romanos – o que Xavier, em “Há Dois Mil Anos”, dá a entender que Lêntulo era. Tibério Alexandre (sendo judeu) já podia dar informações acerca de eventuais peculiaridades judaicas. Se Vespasiano, ou Tito, quisessem uma participação de “Lêntulo” no conselho de guerra, ter-lhe-iam dado, no mínimo, o comando de uma legião. Ou melhor, o comando efetivo de forças dava direito a assento no “conselho de guerra”. Mas sabemos exatamente quais legiões lutaram na guerra judaica, e quais foram seus comandantes.

    As forças inicialmente convocadas para debelar a insurreição judaica, e que se reuniram em 67 dC em Ptolemaida, sob o comando geral de Vespasiano, constituíam-se de três legiões: a V “Macedonica” (comandada por Sexto Vetuleno Cereal), a X “Fretensis” (comandada por Marco Úlpio Trajano, pai do futuro Imperador) e a XV “Apollinaris” (comandada por Tito, o filho de Vespasiano). Além dessas legiões, havia inúmeras tropas auxiliares: 23 coortes de infantaria e 6 alas de cavalaria, aí incluindo-se a guarnição da Judéia (que, convém lembrar, constituía-se de auxiliares, não de legionários, ao contrário do que é informado em “Há Dois Mil Anos”), além de forças cedidas por vários reis-clientes (Herodes Agripa II, Antíoco IV da Comagena, Soemo dos árabes itureus e Malco II dos árabes nabateus).

    No curso da campanha contra os judeus, Nero foi deposto e suicidou-se (junho de 68 dC), seguindo-se em Roma os governos de Galba (junho de 68 a janeiro de 69 dC) e, depois, de Otão (janeiro a abril de 69 dC) e de Vitélio (a partir de abril) – uma guerra civil pela posse do trono. Vespasiano, por sua vez, decidiu também participar dessa luta pelo poder; em julho de 69 dC seguiu para Alexandria, no Egito (o Egito, com suas duas legiões, e a sua produção de trigo, seria um ponto de apoio importante, caso Vespasiano tivesse que lutar pelo poder), deixando o filho Tito como comandante-em-chefe da campanha judaica; a antiga legião de Tito, a XV “Apollinaris”, passou a ser comandada por Tito Frígio.

    O prefeito do Egito, Tibério Júlio Alexandre (judeu apóstata), colocou-se ao lado de Vespasiano na sua disputa pelo poder em Roma, e as duas legiões que estacionavam no Egito, a III “Cyrenaica” e a XXII “Deiotariana”, embarcaram em seguida para a Judéia, ao mesmo tempo em que as tropas romanas na Judéia também se punham ao lado de Vespasiano na sua luta pelo poder imperial. Tibério Júlio Alexandre foi nomeado “segundo no comando”, abaixo de Tito; as duas legiões egípcias foram postas sob o comando de Etérnio Frontão. Em agosto, as legiões da Síria e da fronteira danubiana se declararam também a favor de Vespasiano; com esse apoio, ele marchou para a Itália, derrotou Vitélio e entrou enfim em Roma (22 de dezembro), sendo proclamado Imperador.

    Nesse ínterim, chamado por Vespasiano, Trajano deixou a Judéia e o seu comando legionário, para ser alçado a cargos mais importantes (inclusive o consulado); o comando de sua legião, a X “Fretensis”, passou a Aulo Lárcio Lépido Sulpiciano.

    Assim, têm-se as seguintes legiões participantes do cerco (e depois da tomada) de Jerusalém em 70 dC, com seus respectivos comandantes: a) V “Macedonica” (Sexto Vetuleno Cereal); b) X “Fretensis” (Aulo Lárcio Lépido Sulpiciano); c) a XV “Apollinaris” (Tito Frígio); d) as duas legiões egípcias, III “Cyrenaica” e XXII “Deiotariana” (Etérnio Frontão). Além desses quatro legados de legião, têm-se Tibério Júlio Alexandre (o “comandante de campo”, i.e., o segundo em comando) e Marco Antônio Juliano, que talvez fosse (formalmente) o procurador da Judéia e, assim, comandante das forças auxiliares estacionadas na província, a antiga guarnição da Judéia (os demais auxiliares estavam ligados às diversas legiões). Eis aí os seis membros do “conselho de guerra” de Tito.

    Tudo isso é História, e é documentado. O que não é de modo algum documentado é a participação de Lêntulo nisso tudo – segundo “Há Dois Mil Anos”, foi crucial; segundo a História, simplesmente não existiu.

    A minha pergunta continua sendo a mesma: onde está Lêntulo? Se era uma pessoa tão importante no comando romano de Vespasiano e de Tito; se era um “entendido” em assuntos judaicos, a ponto de estar no “conselho de guerra”; se era um aliado de Vespasiano e, portanto, esteve entre os “vitoriosos” da luta pelo poder em Roma, a partir do instante em que Vespasiano tornou-se Imperador, nos fins de 69 dC, inaugurando a dinastia dos Flávios (69-96 dC); se era tudo isso, por que Flávio José simplesmente não o cita em parte alguma? Aliás, por que ele simplesmente não é citado por ninguém, em parte alguma?

  39. Flávio Josefo Diz:

    Carlos,
    Isto que você está pedindo seria o mesmo que pedir pra você, caso você seja católico, provar que Deus deu os dez mandamentos pra Moisés.
    Existem inúmeros motivos para os espíritas acreditarem na mediunidade do Chico e de tantos outros médiuns.
    Você sabe que prova material não existe nem de Jesus Cristo!
    O problema do senhor JCFF é que ele é arrogante, medito à besta, tirador de sarro, se acha o tal.
    Leia com atenção tudo que ele escreveu pro Eduardo, pra Miriam, pro Scur.
    Veja como ele não respeita as crenças, os crentes, as outras religiões.
    Ele se acha tão conhecedor da verdade, que traçou a personalidade completa do Chico Xavier, tudo que o Chico sentia, vivia, detalhes sobre a intimidade do Chico.
    Inclusive em certos momentos, ela trata o Chico como uam pessoa desprezível, alguém que não sentia nem prazer.
    Quem ele pensa que é? Ele sabe, de fato, o que o Chico viveu ou deixou de viver. Ele sabe todas as dores que o Chico sentiu por causa dos problemas de saúde que tinha?
    Ele sabe, de fato, se o Chico era feliz ou triste, se o Chico li, como ele diz, os livros, os “almanaques”?
    Ele não sabe nada!!!
    Pesquisou porque queria achar um jeito pra criticar o espiritismo. Pesquisou fontes católicas, que são aversas ao espiritismo, a cúpula da Igreja né, porque dali pra baixo, a coisa muda: tem até padre espírita.
    Mas ele pesquisou, bebeu na mão dos conservadores do Vaticano. “Descendentes” daqueles “animais” que jogavam os cientistas na foqueira da “Santa Inquisição”.
    Eu, sinceramente Carlos, não espero nada de especial do livro do Pedro de Campos. Vou lê-lo, muito mais por curiosidade. As verdades sobre o espiritismo, eu já obtive, na minha intimidade.
    Eu respeito a opinião daqueles que seguem outras crenças, ou mesmo que se declaram ateus.
    O que eu não aceito é um sujeito pousar de maioral e ficar rindo dos outros, ridicularizando com a crença dos outros, falando com ar de prepotência e menosprezo.
    E é, exatamente isto, que eu vejo no senhor JCFF.

  40. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Prezado sr. Juliano:

    Sem dúvida, poderíamos trocar informações e opiniões a esse respeito. Não tenho nada formalmente escrito, mas as duas personagens são, sem dúvida, fascinantes. Apenas creio que aqui não é o lugar. Eu lhe sugeriria que pedisse ao Vítor meu correio eletrônico particular, e que então entrasse em contato comigo. É possível que possamos aprender muito, mesmo que, ao fim, tenhamos simplesmente que “concordar em discordar”. Sds,

    JCFF.

  41. Carlos Magno Diz:

    O que você está sugerindo e procura estimular, prezado Carlos, é uma sodomia de argumentos infindáveis, com a participação do senhor jcff, com cópias requentadas de tudo o que foi dito que não convenceram a nenhum dos lados.
    .
    Com toda a certeza ambos os lados já disseram tudo, não há posições indefinidas, não há armistícios; de meu lado não vale a pena ficar aqui perdendo tempo com meras conversas.
    .
    O senhor jcff já demonstrou aborrecida e cansativamente que deseja debates em termos eruditivos; deseja convencer pela semântica, pela gramática, pelo estilo verborrágico, pela história dele, paralela e não inclusiva.
    .
    Espiritismo é ciência sutil, não é armazenamento de fatos históricos e nem é filosofia na sua essencialidade. Mas o senhor jcff não entende isso, ele quer trazer uma ciência de aprofundamentos abstratos como é o espiritismo para o concreto, para comparar fatos físicos com não físicos, história temporal falha e humana com revelações fora do espaço-tempo físico. É perda de tempo, pois para se aprofundar e discutir o espiritismo são necessários outros valores, também sutis, que ele não possui.
    .
    Ele deseja sobrepor as pobres fontes humanas sobre a superior e isso somente na cabeça dele e de céticos que não sabem perfilar os fatos. O jcff simplesmente não acredita, então para que gastar mais energia, bla-bla-bla?
    .
    Não se prova nada contra o espiritismo dessa forma. O jcff viaja numa via oposta, está satisfeito consigo mesmo por ter a oportunidade de desabafar, de falar mal do Chico, apontar erros na doutrina segundo sua pessoal sapiência, quer demonstrar cultura e versatilidade. E você ainda quer mais debates nos termos dele?
    .
    Espírita entende o espiritismo por um ângulo mais direto, livre das limitações das palavras, apesar do estilo literário trabalhado pelos verdadeiros mensageiros que despertam a intuição e a fé; portanto, com um sentido oculto nas palavras escolhidas e não meramente pela verborragia inconsequente. Senão nada feito em favor das revelações. Repito, não vou requentar argumentos iguais e já batidos por inteligentes comentaristas espíritas para dar diversão ao senhor jcff e céticos curiosos.
    .
    Tô fora, adeus!
    .
    Carlos Magno

  42. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Sr. Flávio Josefo,

    Suas mensagens (como as do sr. Carlos Magno) apenas confirmam tudo aquilo que venho aqui comentando. Mas, do sr. (como dos demais), eu já disse o que espero. Estou aguardando.

    JCFF

  43. Carlos Diz:

    Flávio Josefo,
    .
    Não posso concordar com você quando afirma que procurar a evidência histórica de Lêntulo-Emanuel seria o mesmo que mostrar que “Deus deu os 10 mandamentos a Moisés”. A “guerra judáica” é um evento histórico bem conhecido e estudado. Até hoje a arqueologia nos mostra evidências notáveis da guerra que culminou com a tomada do templo e destruição de Jerusalém. É possível, portanto, contestar as afirmações de JCFF com base nas mesmas informações históricas. O que se nota nas réplicas ao JCFF, entretanto, é que elas são muito mais de natureza pessoal do que propriamente quanto ao rigor de seu trabalho e método.
    .
    Você o considera arrogante; e daí ? o que isso muda quanto à essência de seus questionamentos. Ainda é sua a frase: “ele pesquisou porque queria criticar o espiritismo”. Entendo que é um direito dele, se ao procurar por Lêntulo-Emanuel na história não o(s) ter encontrado. Note, se não for o JCFF será um outro estudioso, e outro, e outro… de forma que em algum momento será necessário responder às questões da autenticidade histórica de Emanuel-Lêntulo nos termos que JCFF coloca nesse momento.
    .

  44. Carlos Diz:

    Caro JCFF
    .
    Agradeço as informações. Essa não é minha área de estudo, devo antecipar, embora tenha grande interesse pelos eventos dessa época tão crítica para a história subsequente do ocidente.
    .
    Permita-me algumas questões sobre assunto. A primeira é como Flávio Josefo, um judeu amigo de Roma, porém ainda um judeu, poderia ter a informação da composição do “conselho de guerra” de Tito? A outra crítica é mais nos aspectos formais do relato de Josefo. É sabido que os documentos antigos não tinham a preocupação com o rigor histórico; os evangelhos, tais como os conhecemos hoje, são um exemplo disso (essa é a opinião de vários estudiosos, como o Sr. deve saber). Flávio Josefo compôs sua “Guerra Judáica” de forma a “agradar” os ouvidos do imperador; suponho deveria haver muito cuidado e interesse em nomear pessoas e suas respectivas posições no jogo da política romana (suponho, apenas…). Até que ponto, portanto, confiar na isenção de Josefo ao relatar os fatos?

  45. Flávio Josefo Diz:

    Carlos,
    Os motivos das minhas críticas ao senhor JCFF eu já citei aos montes neste blog. O direito dele em questionar o espiritismo e a mediunidade do Chico, é incontestável.
    O direito dele em ridicularizar com as crenças dos outros, e a forma como ele faz isso, este sim eu considero contestável. No mínimo me dá o direito de criticá-lo.

    Eu citei em um comentário meu, que um cientista afirma que a vida pode existir em 40 mil planetas.

    Trata-se de: DUNCAN FORGAN, um astrofísico da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

    Se alguém se interessar, é só buscar por este nome no “Estadão”. Não vou reproduzir a reportagem aqui, porque tem que ter autorização da BBC.

  46. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Prezado sr. Carlos,

    Não é rápido, muito menos simples, responder às suas indagações; elas mereceriam um texto completo, que eu não posso fornecer aqui. De qualquer modo, tentarei condensar ao máximo o assunto nesta resposta; espero que sirva para, ao menos em linhas gerais, esclarecer um pouco as coisas.

    Começo pela sua afirmação: “é sabido que os documentos antigos não tinham a preocupação com o rigor histórico…”. De fato, ela deve ser bastante matizada: de que “documentos” se trata? De que civilização? E referentes a que época?

    Vou limitar-me à civilização clássica, greco-romana. As formas de apresentação, bem como os estilos, e mesmo o tratamento do material, variavam bastante conforme o tipo de obra de que se tratava. Explico-me: hoje em dia, uma qualidade que é muito valorizada nas obras literárias, mesmo nas obras escritas em geral, é a criatividade; na Antiguidade clássica, ao contrário, o que era mais valorizado (e esperado) era o clichê. Havia os “clichês” próprios para a poesia e para a prosa; e, na poesia, para a poesia épica e a lírica. Na prosa, havia toda uma série de convenções (i.e, “clichês) para os discursos a serem proferidos nas assembléias (fossem elogios ou invectivas), para os tratados filosóficos, para os trabalhos históricos, para os trabalhos técnicos…

    Especificamente no que diz respeito às obras históricas, alguns desses “clichês”, ou convenções, eram os seguintes:

    —– Imparcialidade: o historiador tinha que ser imparcial (ao menos, devia parecer imparcial), ou seja, deveria situar-se “acima” dos acontecimentos. Essa imparcialidade não precisava ser, necessariamente, total; o historiador poderia claramente se posicionar contrário às infrações graves à “moral comum”, tal como entendida socialmente. Um exemplo: esperava-se que os vencedores fossem, na medida do possível, misericordiosos, e que não usassem de “violência desnecessária”; se algum vencedor fosse excessivamente cruel, isso poderia ser lamentado pelo historiador. Outro exemplo: pela “lei de guerra”, era usual se pouparem os templos, quando se tomava uma cidade de assalto; se os templos eram violados, esperava-se que o historiador lamentasse o ocorrido; ou, então, os leitores esperariam algum tipo de justificativa para tanto (esse tópico será importante quando se analisar a destruição do Templo, em Jerusalém).

    —– Linguagem clara: a linguagem a ser empregada, ao menos na descrição dos fatos, deveria ser suficientemente clara. Isso não eliminava, é claro, o uso de eventuais floreios retóricos (como no caso dos discursos, que será tratado mais abaixo), ou mesmo nalgumas passagens especiais, principalmente: a) quando a clareza não fosse prejudicada com a exibição de algum virtuosismo estilístico, ou b) quando o historiador podia “abrir mão” da imparcialidade, como nos casos citados no item anterior – valiam, então, as regras quer do elogio, quer da invectiva. Todas essas características eram esperadas pelos leitores/ouvintes – deve-se lembrar que os livros não eram lidos “em silêncio”, mas sim, sempre, em voz alta, quer para uma platéia (o mais comum), quer para a própria pessoa que os lia. Foi só a partir dos meados do séc. IV dC que começou a se tornar comum a leitura sem voz, como é efetuada hoje.

    —– Descrição de todos os fatos relevantes: todos os fatos relevantes tinham que ser narrados; note bem, refiro-me aos fatos, não à interpretação dos fatos. Onde os historiadores antigos tinham, por assim dizer, a “chance” de mentir (e onde procuravam colocar sua “visão pessoal”, ou a visão de seus patronos, ou a visão que queriam, por algum motivo, passar), era na interpretação dos fatos, muito mais do que nos fatos em si, já que a exatidão dos fatos seria inevitavelmente escrutinada (ver o item sobre “acontecimentos contemporâneos, ou pré-contemporâneos”). Ou seja: não era usual, entre os historiadores antigos, a omissão ou a invenção de fatos (a não ser que o historiador não os conhecesse; ou então, se se estivesse tratando de períodos antigos, com escassez de dados, como se verá mais abaixo). Omissões ou invenções desse tipo não era algo que a platéia esperasse ou tolerasse; e estava pronta para detectar indícios disso. Nem os historiadores, no geral, gostariam de arriscar sua credibilidade com isso. Note bem, sr. Carlos: a audiência duma obra histórica antiga era, usualmente, constituída (ou incluía) pessoas ligadas à alta sociedade e aos escalões de governo, treinadas elas próprias nas artes retóricas; elas tinham acesso, por outros meios, a várias informações; e mais, elas tinham suas próprias idéias acerca da interpretação dos fatos – em suma, estavam razoavelmente “vacinadas” contra a “propaganda implícita” e a “interpretação pessoal” do historiador. Esse é um ponto importantíssimo, e, muitas vezes, negligenciado por aqueles que analisam as obras históricas antigas.

    —– Discursos: havia grande liberdade no registro dos discursos proferidos pelas personagens; considerava-se importante que a sua “substância”, sua “essência, fossem passadas, mas não, necessariamente, a sua forma. Nesses discursos, o historiador podia exibir todo o seu virtuosismo retórico. Isso já era conhecido (e esperado) pela audiência. Ou seja, os discursos inseridos nas obras históricas antigas eram, quanto à forma, invenção do historiador, embora se possa considerar que, quanto à substância, estavam razoavelmente próximos do que ocorrera (isso, quando discursos tinham efetivamente ocorrido; o historiador podia simplesmente inventar por inteiro discursos não havidos, desde que eles se encaixassem nos fatos narrados e não os contraditasse – a audiência, mais uma vez, esperaria por algo assim).

    —– Digressões: como dito, as obras eram lidas em voz alta, quer para audiências, quer para o leitor solitário que a consultava. Não havia notas de rodapé, e nem, quase sempre, sinais de pontuação. Para “quebrar” a tensão, bem como manter o interesse da platéia (e também para ostentar conhecimento), era usual que os historiadores incluíssem digressões, ou seja, que se desviassem do assunto de vez em quando para darem explicações sobre determinados fatos. As digressões mais comuns eram as descrições geográficas (climático-botânico-etnológicas) acerca das áreas cuja história se estivesse contando, ou onde uma determinada ação estivesse passando. Mas não só; por exemplo, se, numa batalha, houvesse um eclipse, o historiador poderia interromper a narrativa para explicar à audiência o mecanismo dos eclipses; ou então, se as tropas passassem por um lugar antigo em ruínas, o historiador poderia interromper a narrativa para descrever essas ruínas, dizer a que civilização pertenciam, contar alguma anedota interessante sobre essa civilização ou lugar, filosofar sobre a caducidade das obras humanas, que o vão orgulho considerava indestrutíveis, discursar sobre a inexorável passagem do tempo, que tudo dissolvia, até as ações mais espantosas e as construções mais imponentes, etc., etc., etc. Com relação a essas digressões, havia também mais “liberdade”, principalmente estilística, para o historiador mostrar seus dotes. Isso também era esperado pela audiência, que se deleitava com digressões elegantes.

    —– Números: historiadores escreviam “história”, não tratados técnicos; queriam passar fatos e mensagens, não fornecer dados quantitativos. Números podiam ser utilizados para se dar uma idéia da grandiosidade de algo (dum exército, duma construção), mas o historiador clássico, no geral, não se importava muito com a coleta de detalhes específicos – e nem a sua audiência esperava de sua obra tais tipos de detalhes. Evidentemente, alguns números eram mais confiáveis do que outros – números relativos a construções, edifícios, mesmo às dimensões das cidades, tendiam a ter um grau de exatidão maior do que aqueles referentes ao tamanho dos exércitos, ou ao número de mortos e/ou prisioneiros; nesses últimos casos, os muitos “milhares” tinham mais a função de “dar a idéia” das grandes quantidades envolvidas, e da envergadura dos acontecimentos que se desenrolavam, do que, propriamente, representar com exatidão as cifras reais (claro, a situação mudava completamente de figura se se tratasse duma obra técnica; mas não se trata disso aqui). Para o historiador clássico, assim, os números tinham muito mais função retórica do que avaliativa.

    —– Acontecimentos contemporâneos, ou pré-contemporâneos: por convenção, o assunto historiado deveria ser contemporâneo, ou pré-contemporâneo. Isso não era absoluto, mas era desejável; valorizava-se muito o fato de o historiador ter sido testemunha de pelo menos parte dos fatos que narrava, e/ou de ter podido entrar em contato com testemunhas (ainda vivas) de tais fatos. Isso não precisava ser afirmado; era algo subentendido, e esperado pela audiência. Se o historiador não tivesse sido testemunha dos fatos, e/ou não tivesse condições de obter testemunhos de primeira mão, ele teria de afirmar isso, ainda que indiretamente, nalgum lugar de sua obra; se falhasse nisso, perdia sua credibilidade – era algo que a audiência não perdoaria. Claro, quando o historiador contava a história de muitas gerações anteriores, obviamente não teria como ser “testemunha” (ver “Fontes”).

    —– Fontes: esperava-se que, analisando suas próprias memórias, bem como a consulta às testemunhas oculares, o historiador escrevesse, inicialmente, “apontamentos” (“apomnemoneumata” em grego, “commentarii” em latim), a partir dos quais, posteriormente, redigiria sua obra histórica. Se, por motivos óbvios, não pudesse ter sido testemunha dos fatos (ou se não pudesse ter tido acesso a testemunhas oculares), como, p.ex., se escrevesse a história de várias gerações anteriores, subentendia-se que ele teria consultado fontes escritas fidedignas, monumentos, inscrições, etc., delas retirando o seu material. Se concordasse com elas, não as precisava mencionar; normalmente as mencionaria ou se não concordasse com elas (explicando a razão), ou então se duas ou mais fontes fossem discrepantes (então teria de explicar qual a versão que preferia, e por que). Mais uma vez, a platéia esperaria por isso.

    Um caso específico, no que diz respeito às fontes, refere-se ao fato de o próprio historiador dispor de poucos dados – p.ex., quando escrevia sobre períodos longínquos do passado, do qual se possuísse pouquíssimo material. Nesses casos haveria, sim, um maior grau de “liberdade” para o historiador organizar seu material, e mesmo encadear os fatos; e o recurso à própria mitologia era esperado, já que “mitologia” era a “história das origens longínquas”; nenhum historiador se envergonharia disso, e isso seria, aliás, esperado pela audiência. Um exemplo sobre um caso assim diz respeito à história da “fundação” de Roma. Roma já era o poder hegemônico na Itália (e no Mediterrâneo ocidental) quando seus primeiros historiadores (que escreveram em grego, e principalmente para um público grego) começaram a tentar “construir” uma narrativa histórica coerente. Sendo uma cidade, teria de ter sido “fundada” nalguma época específica; e mais, sendo um poder mediterrânico, tendo em vista a influência cultural grega e a proximidade observada entre o latim e o grego, sua história teria, de algum modo, de ligar-se ao evento mais antigo (e fundador) da história helênica, a Guerra de Tróia. Essas “premissas” não eram consideradas invenções; eram o “fato óbvio”. Ao mesmo tempo, havia a própria tradição historiográfica local, ligada à época dos reis e à sua superação pelas famílias aristocráticas, as várias listas de magistrados, as várias tradições ligadas aos mais importantes clãs da aristocracia, etc. Com todo esse material, “construiu-se” uma “história” coerente, começando com a chegada de Enéias de Tróia à Itália, passando pela fundação de Alba Longa e, depois, pela de Roma, por seus descendentes, Rômulo e Remo; e pelo período dos “Sete Reis”, até ao estabelecimento da república aristocrática.

    Obviamente, o arcabouço geral dessa narrativa é inventado; mas (e isso é que se tem de notar), inventado dentro de limites bem estreitos. Não se podia recuar, cronologicamente, a épocas mais antigas que a da Guerra de Tróia (segundo a cronologia mais aceita no mundo grego, a de Eratóstenes de Cirene, a queda de Tróia ter-se-ia dado na data que equivale ao nosso ano de 1184 aC); não se podia ignorar o fato de que as tradições da cidade eram bem mais recentes do que a chegada de “Enéias” (daí se ter fixado a época da fundação por volta de 750 aC – justamente uma época na qual a própria arqueologia moderna descobriu um período de intenso florescimento de povoações “latinas”); não se podia ignorar o fato de que estava bem estabelecida na tradição o ter sido a cidade governada, outrora, por etruscos, sendo a influência etrusca (inclusive na religião) ainda forte na nobreza romana (daí o reconhecimento da “dinastia” dos Tarquínios); igualmente, não se podiam ignorar as listas de magistrados conservadas oralmente ou por escrito nos colégios sacerdotais (ainda que incompletas e, muitas vezes, confusas), as histórias etiológicas (i.e., as narrativas tradicionais sobre a origem dos nomes de determinados lugares), as inscrições sobreviventes, os documentos conservados nos templos acerca de eventos extraordinários do passado (uma peste, um eclipse, uma invasão…), a tradição oral dos vários clãs aristocráticos… Invenção, extrapolação, deduções muitas vezes infundadas? Sim, mas, mesmo nesses casos, havia um limite (ou melhor, uma série de limites) para isso. E note, sr. Carlos: estamos falando de historiadores que, a partir do séc. III aC, tiveram que se arranjar com o que puderam, para falar de eventos que teriam ocorrido entre os séculos VIII e VI aC. No caso de épocas bem melhor documentadas, ou de acontecimentos contemporâneos, ou pré-contemporâneos, o grau de controle exercido pelo público, pela “platéia”, era muitíssimo maior.

    Essas, então, sr. Carlos, são as (principais) convenções da historiografia antiga (embora o sr. talvez não acredite, eu resumi e condensei barbaramente a questão). O que importa reter é o seguinte: havia regras; as pessoas (os “leitores”, que eram tanto isso quanto “ouvintes”) não eram “passivas”, e havia meios de controle. Claro, havia oportunidades de um historiador, por assim dizer, “faltar à verdade”; mas, quando isso ocorria (e ocorria na época, como ocorre agora, e como ocorrerá sempre), era na interpretação dos fatos muito mais do que, propriamente, na omissão (ou na invenção) de fatos. Isso tem sido, de modo geral, confirmado quando se comparam os textos históricos antigos com as evidências obteníveis de outras fontes (principalmente das assim chamadas “ciências auxiliares” – a numismática, a arqueologia em geral, mais especialmente a epigrafia).

    Dentro desses limites, e com as devidas cautelas (originadas das “convenções”, dos “clichês”, aos quais os historiadores antigos tinham que obedecer), podemos, sim, confiar nas suas informações. A coisa não era uma “casa-da-mãe-Joana”; os historiadores não eram uns mentirosos, ou ingênuos, ou imbecis – e nem, muito menos, a sua audiência.

    O sr. consegue perceber então, sr. Carlos, a razão pela qual sua afirmação inicial deve ser BASTANTE matizada?

    Mesmo no caso dos “Evangelhos”. Havia o “controle”, algum grau de “controle”, não apenas das testemunhas oculares ainda sobreviventes, ou das linhas de transmissão oral sobreviventes. Também (e principalmente) dos inimigos, dos adversários, que poderiam contradizer prontamente qualquer “inverdade óbvia”. Não se esqueça, sr. Carlos, estamos falando do primeiro (e do mais feliz) período daquela “Pax Romana”, a época dos Júlio-Cláudios e dos Flávios (14-96 dC), quando o mundo mediterrânico estava bastante conectado por rotas comerciais, tanto terrestres quanto marítimas, onde as várias comunidades urbanas se comunicavam com relativa rapidez. Se um certo pregador aparecesse numa cidade costeira da Ásia Menor, pregando numa sinagoga acerca dum tal “Jesus de Nazaré”, era apenas uma questão de tempo que a comunidade judia local (e também a dos “tementes a Deus” locais, e depois, enfim, a dos pagãos locais) pudessem, ao menos em linhas gerais, “checar” as informações com o centro judaico em Jerusalém. Os comerciantes e peregrinos, cedo ou tarde, realizariam esse trabalho. Isso, aliás, transparece numa série de narrativas francamente “comprometedoras” presentes nos Evangelhos (p.ex., o fato de que Jesus morreu crucificado – o suplício ao qual eram condenados escravos fugidos, subversivos e incendiários; ou o fato de que as primeiras testemunhas do “túmulo vazio” terem sido mulheres, cuja credibilidade era vista com desconfiança até nos tribunais…); foram registradas porque simplesmente ocorreram, e não adiantaria inventar nada a esse respeito.

    Havia meios de checagem. Talvez não tão sofisticados como aqueles aos quais nos acostumamos hoje em dia; mas nossos antepassados não eram um bando de simplórios, que se deixavam enganar por qualquer coisa, ou por qualquer um. Quanto a isso, aliás, nós estamos bem pior do que eles – aceitamos muita coisa sem julgamento e sem checagem, coisas que nossos “simplórios” antepassados jamais admitiriam…

    Quando os Evangelhos foram redigidos, claro, houve uma série de dificuldades. O tipo de documento (um apanhado de toda a “pregação” cristã) simplesmente não se encaixava, completa e satisfatoriamente, em nenhum dos “clichês” da literatura clássica. Quais os instrumentos à disposição? Basicamente, entre outros, o tratado filosófico (ou o diálogo filosófico, na tradição de Platão); a biografia; a obra historiográfica; e, especificamente no caso romano, a “res gestae”, a narrativa dos feitos (e ditos) memoráveis duma personagem. Onde encaixar a “boa nova” nisso tudo?

    Não havia como encaixar; daí o próprio termo utilizado para os escritos resultantes – “boa nova”, “euagghelion”, “evangelho”. Tinha algo de tratado filosófico (até de diálogo filosófico), mas também de biografia, e de obra historiográfica, e de “res gestae”; tinha tudo isso, mas não era nada disso. Portanto, criou-se um gênero novo. Mas cada um dos evangelhos canônicos seguiu, mais de perto, um desses modelos, um desses “clichês”. E mais: tendo absorvido algo da obra historiográfica, seguiria, quase que naturalmente, os “clichês” ligados a esse tipo de composição.

    O evangelho de Mateus, ligado a comunidades oriundas do judaísmo, ou ainda fortemente influenciadas por tradições judaicas, seguiu o exemplo geral da descrição dos heróis do Antigo Testamento, com genealogia, nascimento, predições escriturísticas, etc. Seu “clichê” era o das antigas e sagradas Escrituras, encaixado, entretanto, ainda que às vezes desajeitadamente, num corpo de “obra historiográfica” clássica.

    O evangelho de Marcos, ligado à comunidade romana, seguiu mais de perto o modelo latino da “res gestae”; basta comparar o texto dos “Feitos do Divino Augusto”, estampado nas paredes do templo de Roma e Augusto em Ancira, na Galácia (a atual Ancara, na Turquia), que chegou até nós, com o texto de Marcos. Nada sobre o nascimento e a infância de Augusto; nada sobre o nascimento e a infância de Jesus; segue-se a enumeração, em estilo sóbrio, “romano”, dos feitos e (no caso de Jesus) dos ditos importantes. Até mesmo o evento máximo, a ressurreição, é tratado com circunspecção.

    O evangelho de Lucas, com clara influência grega, seguiu bem mais de perto o modelo da obra historiográfica e da biografia, inclusive com o seu prólogo, típico dos historiadores da época. Explicitamente informa que realizou “cuidadosas investigações” (i.e., que compôs “apomnemoneumata” – obrigação primária dum historiador), e que, por conseguinte, seguiu as convenções historiográficas da época. Como numa boa biografia, lá consta o nascimento, a genealogia, a vida e as obras (“ditos” e “feitos” memoráveis), a morte e (já que se trata dum “evangelho”), a ressurreição.

    O evangelho de João, por sua vez, pende mais para o tratado filosófico (e até mesmo para o diálogo filosófico); não se preocupou com o nascimento, ou com a infância, ou com a genealogia, e mesmo com as ações (narra poucos “milagres”); sua ênfase são os discursos, e discursos filosófico-teológicos. Ele até começa seu evangelho com a declaração altamente filosófica (especialmente quando se deixa o “Logos” do original): “No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus”.

    Mas, mesmo tendo essas “ênfases” distintas, no que dizia respeito à parte “historiográfica” que sempre embutiam, pode-se (e deve-se) esperar dessas narrativas, em linhas gerais, a obediência às convenções historiográficas que acima foram esboçadas. Mais uma vez: a coisa não era anárquica.

    Agora, tratando especificamente do que diz respeito ao historiador Flávio José. Suas principais dúvidas, sr. Carlos, são, creio: a) como ele poderia ter a informação da composição do “conselho de guerra” de Tito; b) sobre o rigor (factual) de sua narrativa e, portanto, sobre a sua confiabilidade; c) a quem ele estaria tentando “agradar” (aos romanos?), e como isso poderia influenciar nas pessoas e posições nomeadas em sua obra histórica.

    José, filho de Matias, ou Matatias (Iosef ben-Matathiahu, 37 – c.100 dC), era um sacerdote judeu; mais, era um membro da aristocracia sacerdotal, ou seja, da classe dirigente local da província da Judéia, a quem os romanos haviam confiado a “condução dos negócios” da província, e de quem esperariam, quanto a isso, eficiência e lealdade. Por ocasião da revolta que estourou em 66 dC, foi encarregado, pelos rebeldes, de organizar a defesa da Galiléia. Enfrentou os romanos, mas, cercado em Jotapata (Yodfat), foi aprisionado por ocasião da queda dessa cidade (junho 67 dC). Mas não era um prisioneiro qualquer; como membro da aristocracia sacerdotal, teve, por assim dizer, um tratamento diferenciado. Sendo um prisioneiro de guerra, era um escravo; e tornou-se escravo, mas escravo de Tito, o filho de Vespasiano, até ser libertado em 69 dC (tomando então, como era o costume, o prenome e o nome gentílico de seu antigo senhor, “Titus Flavius”, adicionando-lhes como cognome seu próprio nome hebraico em forma latina, “Iosephus”; passou a ser, portanto, o liberto, e “novo” cidadão romano, “Titus Flavius Iosephus”, “Flávio Josefo” como se costuma grafar, “Flávio José” como eu costumo usar – já que “Iosephus” é simplesmente a forma latina de seu nome, “José”, “Iosef”).

    Mesmo antes de ser libertado (e mais ainda depois), Flávio José tornou-se útil para os romanos como intermediário entre as forças romanas e os setores mais influentes da população local, que, muitas vezes, ou tinham se posicionado contra a revolta, ou a tinham apoiado apenas relutantemente (como, talvez, fosse o caso do próprio José). Afinal, ele próprio era membro dessa elite, e tinha vastos contatos nelas. E soube ser útil nesse papel de intermediário, de negociador, e mesmo de conselheiro, fornecendo informações valiosas acerca de seus compatriotas, de seu modo de agir e pensar, etc. (muito mais do que um pretenso “Lêntulo” poderia…). Acabou ganhando, como já se mencionou, a liberdade, e associou-se à “entourage” de Tito, o filho de Vespasiano, a partir do instante em que este assumiu a liderança da luta judaica (já que seu pai estava agora lutando pelo trono imperial). Não estava sozinho, e nem era o único judeu a se movimentar nesse círculo. Então, como agora, havia “judeus” e “judeus”… Tibério Júlio Alexandre, o Prefeito Augustal do Egito, que apoiou Vespasiano e que era o segundo em comando, era de origem judaica (era filho de Tibério Júlio Alexandre, o Velho, comerciante judeu riquíssimo de Alexandria, e sobrinho do famoso filósofo Filão; decidiu seguir a carreira pública, sendo sucessivamente epistratego da Tebaida c. 42-43 dC, procurador da Judéia 46-48 dC, Prefeito Augustal do Egito 66-69 dC, e, depois de 70 dC, prefeito pretoriano, provavelmente honorário – de qualquer modo, uma brilhante carreira, tendo sido provavelmente honrado com uma estátua no Fórum romano, cf. Juvenal, “Sátiras”, livro I, 4a sátira, versos 129-131); e a realeza judaica sobrevivente (o rei Herodes Agripa II, cuja irmã Berenice haveria de se transformar em amante de Tito) também lutou ao lado dos romanos, fornecendo-lhes tropas auxiliares, como leal rei-cliente que era.

    Após a queda de Jerusalém, seguiu com seu patrono Tito a Roma (71 dC), onde aparentemente permaneceu até à sua morte, como apadrinhado dos sucessivos Imperadores da família dos Flávios, Vespasiano (69-79 dC), depois Tito (79-81 dC), enfim Domiciano (81-96 dC), o irmão mais novo de Tito, e onde escreveu suas obras, que chegaram até nós: “A Guerra Judaica” (em 7 “livros”, i.e., rolos, c. 75 dC), “As Antiguidades Judaicas” (em 20 “livros”, c. 94 dC), “Contra Apião” (em dois “livros”, c. 97 dC) e “Autobiografia” (em um “livro”, c.99 dC). Essas obras podem ser consultadas, em tradução em língua inglesa, neste endereço eletrônico: http://sacred-texts.com/jud/josephus/index.htm.

    Agora, aos tópicos: como ele poderia obter a informação da composição do “conselho de guerra”? Creio que essa pergunta já foi, implicitamente, respondida. Ele era um prisioneiro de guerra “vip” dos romanos, estando em íntimo contato com Tito (e também, claro, com os seus “iguais” Herodes Agripa II e Tibério Júlio Alexandre). Tinha, assim, todos os meios para conhecer, ainda na época da campanha, o funcionamento geral da estrutura de comando das forças romanas. Qualquer dúvida que porventura tivesse, poderia tirá-la posteriormente, com seu patrono Tito, em Roma.

    Sobre o rigor (factual) de sua narrativa e, portanto, sobre a sua confiabilidade: tendo escrito, em língua grega, uma obra historiográfica sobre a guerra judaica, José estava amarrado a todas as “convenções” da historiografia clássica, que aqui já foram examinadas. Portanto, pode-se esperar que, em termos estritamente factuais, sua narrativa seja confiável. Ela tratava de acontecimentos contemporâneos; inexatidões factuais (e especialmente no que dizia respeito aos nomes dos envolvidos, e aos cargos que ocupavam na guerra) seriam logo notadas por sua audiência, ainda mais levando-se em conta que muitos dos que tomaram parte na guerra ainda se encontravam vivos, e eram membros importantes da classe dirigente romana; na Cidade Eterna, moviam-se no mesmo círculo que Flávio José, e, é claro, estariam presentes (e atentos) por ocasião das “leituras” de suas obras. “Vamos ver o que esse judeuzinho fala…” P.ex., dos comandantes legionários, Tito era o filho do Imperador, e ele próprio chegaria a Imperador; Trajano o Velho seguiu carreira, e foi o pai do futuro Imperador Trajano (que reinou 98-117 dC); o mesmo se diga de Sexto Vetuleno Cereal (que, depois da queda de Jerusalém, foi o primeiro legado propretoriano da nova e reorganizada província da Judéia 70-71 dC; depois, foi cônsul sufeta em 72 ou 73 dC e legado propretoriano da Mésia c.74-c.78 dC; seu filho, Sexto Vetuleno Cívica Cereal, atingiria o consulado, e consulado ordinário, em 106 dC) e de Aulo Lárcio Lépido Sulpiciano (que seguiria carreira como legado propretoriano da Bitínia-e-Ponto). Flávio José não teria nada a ganhar sendo inexato com relação a esse tipo de detalhe. Aliás, se tivesse mesmo havido um “Lêntulo” no conselho de guerra de Tito, ou mesmo entre os líderes romanos da campanha judaica, indubitavelmente Flávio José o teria citado, já que (e isso é o próprio “Lêntulo” que dá a entender, em “Há Dois Mil Anos”), ele, “Lêntulo”, gozou, até à morte, da amizade e da confiança dos Imperadores – José não deixaria de mencioná-lo, mesmo que rapidamente, ainda que fosse para fazer um “agradinho” a seus patronos; se não o fizesse, poderia facilmente ser acusado, pela sua audiência romana, de ter escamoteado fatos, de ter minimizado, ou ignorado, a atuação dum senador (e senador duma ilustríssima família) na campanha judaica; isso, além de socialmente perigoso (“quem esse judeuzinho pensa que é, ignorando a importância de nosso grande Lêntulo nisso tudo?”), minaria sua reputação. Se pôde registrar o eqüestre Marco Antônio Juliano, com muito mais razão registraria o senador “Públio Lêntulo”. Mas não o fez… Por quê?

    Enfim, sobre quem Flávio José estaria tentando agradar, e como isso poderia influenciar sua narrativa, creio que muito já foi explicado anteriormente. É óbvio que ele não poderia expressar opiniões “contrárias” a Roma, em geral, e nem à dinastia Flávia, em particular (de quem era apadrinhado, afinal); mas, ao longo de sua obra, não deixou de criticar muitos dos procuradores romanos da Judéia, nem de apontar falhas que, no seu entender, existiam na administração da província na época anterior à revolta (volte a ler, quanto a isso, sr. Carlos, o tópico “Imparcialidade”, mais acima). Flávio José não estava escrevendo um panegírico de Roma, ou dos Flávios; estava escrevendo história, e seria cobrado como historiador (não como panegirista) por sua platéia, por sua audiência. Flávio José não escamoteou os horrores da guerra, com suas muitas mortes (mas, quanto a isso, ver novamente o tópico “Números”), com sua redução de tantos, especialmente mulheres e crianças, à condição de escravos, com suas “florestas” de cruzes, onde tantos judeus agonizavam; e nem “pegou leve” quando descreveu os horrores da fome que castigou os hierosolimitanos, por ocasião do prolongado cerco da cidade, nos últimos estágios da guerra. Ele seguiu, portanto, e estritamente, as “convenções”, os “clichês”, que se esperavam dum historiador.

    Claro, ele tinha a sua “agenda” – como todo historiador, antigo e moderno, tem; como cada um de nós, dum modo ou de outro, tem. E nessa sua agenda, o item principal não era “justificar os romanos” (claro, isso também estava presente – tinha que estar…), mas sim justificar a si próprio e à sua classe – a aristocracia dirigente judaica, de origem principalmente sacerdotal, que, na prática, governou o país desde a criação da província da Judéia, após a deposição de Arquelau, filho de Herodes o Grande, a pedido dos próprios judeus (6 dC), aristocracia essa que levou o país progressivamente à anarquia (com a exploração econômica, muitas vezes impiedosa, dos camponeses e dos artesãos, e com o absoluto controle do Templo, de seus cargos, e de seus tesouros, pelas grandes famílias sumo-sacerdotais), e por fim à desastrosa guerra. Ele sempre tenta justificar sua classe, passando a mensagem de que a revolta foi causada por uma meia-dúzia de “elementos radicais”, vários, claro, da aristocracia (afinal, ele não tinha como negar isso, tratava-se de fatos), mas de modo algum representantes da “verdadeira” aristocracia (note aqui, mais uma vez, sr. Carlos, a dicotomia “fatos” x “interpretação dos fatos”). Esses “radicais”, que acabaram se aliando a “bandidos”, juntamente com as deficiências da administração provincial romana, é que causaram a guerra; os judeus (leia-se aqui: a aristocracia judaica, especialmente a aristocracia sacerdotal, da qual Flávio José era parte) não era intrinsecamente desordeira, hostil, bárbara, refratária à boa civilização greco-romana; não, ela era confiável, tão boa quanto qualquer outra aristocracia provincial…

    Essa, em suma, era a “agenda” de Flávio José. Era essa a “interpretação” que ele queria dar aos fatos, e que queria passar adiante. Houve judeus muito maus, aristocratas perversos vários deles, mas a aristocracia judaica, em si, era boa e confiável, não queria a rebelião, era moderada, e, se se uniu aos malvados “rebeldes” (muitos deles reles “bandidos”, aos quais se uniram os “aristocratas-malvados-atípicos”), como ele próprio, Flávio José, o fez, isso ocorreu por coação. Houve romanos muito maus, procuradores perversos, mas o governo romano, o Império Romano, em si, era bom, trazia a paz e a prosperidade a todo o mundo civilizado…

    Claro, os romanos, a “platéia” principal de Flávio José, não “comprou” toda essa idéia; eles sabiam com quem lidavam. Não foi restaurada, na nova província, a situação anterior. Ela agora não mais era governada por procuradores eqüestres, mas sim por legados propretorianos de nível senatorial, o primeiro dos quais, como já se citou aqui, foi Sexto Vetuleno Cereal. Esses legados eram também os comandantes da legião que permaneceu na província (sim, a partir de então, e só a partir de então, estacionaram legionários na Judéia), a X “Fretensis”, cujos emblemas eram um touro (símbolo comum nas legiões que haviam sido criadas originariamente por Júlio César, como era o caso dela), uma proa de navio (lembrança de seus serviços, muitíssimos anos antes, nas guerras sicilianas, no “Fretum Siculum”, o estreito de Messina – daí seu nome, “Fretensis”) e um javali – ou seja, por assim dizer, um porco selvagem. Os romanos podiam ser bem cruéis, quando queriam. Escolheram, para estacionar na nova província, em Jerusalém, o antigo e sagrado centro do Judaísmo, uma legião que tinha como um dos emblemas um, por assim dizer… porco! Isso não foi feito por acaso. Era uma vingança sutil (ou, talvez, não tão sutil).

    O Templo destruído não foi reconstruído. O sumo-sacerdócio não foi restaurado. Os romanos resolveram não mais confiar na aristocracia judaica, que era, especialmente, sacerdotal: a seu ver, essa aristocracia havia falhado, e havia retribuído a confiança dos romanos com traição. Os essênios foram massacrados; os saduceus, que se ancoravam na velha aristocracia, desapareceram na obscuridade; aos fariseus ficou a incumbência de salvar o que, culturalmente, podia ser salvo. Terminou o Judaísmo do Segundo Templo, com os sacrifícios cruentos prescritos pela lei mosaica; terminou a influência (e o poder) dos sacerdotes, e dos saduceus. Começou o Judaísmo rabínico, que é ainda o Judaísmo atual. Os fariseus, “mestres” (“rabis” – “rabinos”; a palavra, antes apenas honorífica, geral e respeitosa, significando simplesmente “mestre”, então passou a ter, cada vez mais, uma significação técnica precisa, referindo-se aos especialistas na Torá, na Lei Sagrada, e na sua interpretação, dentro da tradição farisaica). Diz-se geralmente que o Cristianismo é filho do Judaísmo; seria melhor dizer que tanto o Cristianismo quanto o Judaísmo (atual, rabínico) são filhos do Judaísmo do Segundo Templo.

    Não é à toa que Flávio José se apresenta sempre como simpático às doutrinas dos “fariseus”, sendo ele próprio, segundo diz, um “fariseu”. É bastante provável que tivesse lá as suas simpatias por eles, antes da guerra, e que dispusesse de bons contatos entre os fariseus (como aliás entre os saduceus também); afinal, não poderia simplesmente inventar isso do nada, após a guerra; mas, depois de 70 dC, essa ligação, antes talvez apenas circunstancial, passou a ser essencial, em termos de prestígio dentro da comunidade judaica sobrevivente.

    Não obstante, no que diz respeito ao poder administrativo, a influência duma aristocracia judaica terminou definitivamente com a destruição (e a não reconstrução) do Templo. Não, a velha aristocracia não servia mais; portanto, seus principais esteios de poder (o Templo e seu sistema sacrificial, com o sacerdócio levítico e aarônida hereditário) não seriam restaurados.

    Mas, pelas convenções de guerra então existentes, templos deveriam ser poupados – a não ser em casos especiais, que deviam ser então justificados. Por isso Flávio José se esforça tanto em isentar Tito da culpa pelo incêndio e destruição do santuário, insistindo que era desejo dele, Tito, poupá-lo. O incêndio teria sido acidental, ateado no calor da batalha; o próprio Tito teria procurado depois controlar o fogo, sem sucesso. O que se pensar disso?

    O Templo de Jerusalém (i.e., o Segundo Templo, reconstruído após o retorno do exílio babilônico, e reerguido, praticamente do nada, com uma magnificência ímpar, por Herodes o Grande), pela peculiaridade de sua construção, era tanto templo quanto fortaleza; as descrições de Flávio José não deixam nenhuma dúvida quanto a isso; seria, portanto, um alvo militar “legítimo”. É muito difícil de se saber se, de fato, Tito quereria poupá-lo; é possível que não – que, tendo em vista as circunstâncias, tenha decidido, com o seu “conselho de guerra”, destruí-lo. Se, na época, já tinha decidido também não mais permitir a restauração do sumo-sacerdócio,isso não é possível saber; uma decisão quanto a isso, aliás, competia nem tanto a Tito, mas ao Imperador, Vespasiano. Mas Flávio José tinha que acomodar os fatos, os fatos indiscutíveis, numa interpretação conveniente. Quais os fatos? Estes: a) o Templo era, para todos os efeitos práticos, uma fortaleza; b) o Templo foi destruído e incendiado; c) o Templo não foi depois reconstruído, e nem o sumo-sacerdócio restaurado. Sobre “c”, José poderia convenientemente se calado – estava além do escopo de sua obra histórica, que termina com o fim da revolta judaica. Sobre “a”, isso é fornecido, sub-repticiamente, nas descrições que o historiador faz do Templo, bem como na opinião que certos círculos militares romanos, durante a campanha, tinham acerca dele; enfim, sobre “b”, esse item é cumprido na narrativa de sua destruição. Esses, os fatos, aos quais Flávio José, como historiador clássico, seguindo os “clichês” da historiografia clássica, não podia fugir. Então, vem a “interpretação”: Tito não queria destruí-lo (embora vários outros romanos o desejassem); tentou tudo a seu alcance para salvá-lo, mas, no calor da batalha, não pôde fazê-lo. De fato, até tentou apagar o incêndio – é possível que sim, que tivesse dado efetivamente ordens para apagar o incêndio de algumas partes (isso é um fato); afinal, havia muito o que saquear, e não seria conveniente perder essas coisas assim sem mais nem menos, deixá-las simplesmente arder; ou, então, surgira a necessidade de controlar um pouco as chamas, a fim de elas não se voltarem contra as próprias forças romanas em avanço nos recintos… Novamente, o “fato” e a “interpretação do fato”…

    Fazer uma leitura crítica das obras historiográficas antigas não significa, assim, meu caro sr. Carlos, considerar que o que narram, em termos gerais, e factuais, seja falso. Há muitas outras maneiras, bem mais sutis, de se direcionar uma narrativa. Os antigos sabiam disso – tanto os historiadores quanto suas audiências.

    Espero, sr. Carlos, que tenha podido ser útil em esclarecer, ao menos em parte, algumas de suas dúvidas. Saudações,

    JCFF

  47. Guilherme Diz:

    Vitor, como você explica a carta que a Nair Belo recebeu e na qual o Chico cita uma conversa que ela teve com seu filho em sua casa?
    Obrigado

  48. Vitor Diz:

    Oi, Guilherme
    analisei a fundo o caso da Nair Belo. Tem um post específico no blog sobre isso. Use o mecanismo de busca, digite nair belo que você acha.

  49. Guilherme Diz:

    Vitor, obrigado pela resposta. Deixei um post lá no caso da Nair. Se você me permite gostaria de dar uma sugestão de um assunto para ser investigado. É a questão de o Chico ter falado que morreria em um dia que o povo brasileiro estivesse contente…Ele falou isso mesmo? Isto está documentado? Eu não encontrei nada que provasse …Obrigado

  50. Vitor Diz:

    Oi, Guilherme
    por enquanto nada prova mesmo, afinal essa história só surgiu depois (que me conste)

  51. Flávio Josefo Diz:

    Sr. JCFF,
    Sinceramente, o senhor pode melhorar a sua didática e o seu “poder de síntese”, porque o senhor falou, falou e falou e, a não ser que eu seja muito limitado, não entendi quase nada!

    Não sei nem se o Carlos entendeu, nem se ele teve paciência para ler tudo isso aí!

    O senhor disse:

    “… a audiência duma obra histórica antiga era, usualmente, constituída (ou incluía) pessoas ligadas à alta sociedade e aos escalões de governo, treinadas elas próprias nas artes retóricas; elas tinham acesso, por outros meios, a várias informações; e mais, elas tinham suas próprias idéias acerca da interpretação dos fatos – em suma, estavam razoavelmente “vacinadas” contra a “propaganda implícita” e a “interpretação pessoal” do historiador. Esse é um ponto importantíssimo, e, muitas vezes, negligenciado por aqueles que analisam as obras históricas antigas.”

    (“elas tinham acesso, por outros meios, a várias informações…”) – que meios seriam estes???

    “Havia meios de checagem. Talvez não tão sofisticados como aqueles aos quais nos acostumamos hoje em dia; mas nossos antepassados não eram um bando de simplórios, que se deixavam enganar por qualquer coisa, ou por qualquer um. Quanto a isso, aliás, nós estamos bem pior do que eles – aceitamos muita coisa sem julgamento e sem checagem, coisas que nossos “simplórios” antepassados jamais admitiriam…”

    (“Havia meios de checagem…”) – do que o senhor está falando???
    (“…nossos antepassados não eram um bando de simplórios, que se deixavam enganar por qualquer coisa, ou por qulquer um.”) – a quem o senhor está se referindo? Qualquer pessoa que tenha feito a 5ª série do ensino fundamental, hoje, 6º ano, sabe que A GRANDE MAIORIA DAS PESSOAS na Antiguidade, incluindo Grécia e Roma, era analfabeta e levava uma vida miserável. Aliás isto se manifestou por toda a Idade Média Européia, e foi mais além…
    – Pouquíssimas pessoas, incluindo membros da classe dirigente tinham condições de avaliar e interpretar fatos, de forma crítica.
    Mas o senhor quer nos provar, pelo que expõe aí, que os povos antigos tinham mais conhecimento e análise crítica que a sociedade atual. Não sei de onde o senhor titou isto???
    Gostaria muito que o senhor fornecesse as fontes onde o senhor bebeu para escrever todo este texto aí, confuso e cheio de conclusões, no mínimo, muito duvidosas.
    “Conclusões” em parte, porque pra mim o senhor não apresenta conclusão alguma.
    Que história é essa de “clichês”???
    Acho que o senhor é que anda “psicografando”, mas tome cuidado com “o espírito” que lhe está passando informações.

  52. Carlos Diz:

    Caro JCFF
    .
    Grato pelos comentários. Como havia afirmado, não tenho a necessária competência para fazer reparos ou contra-argumentar diante dos fatos expostos.
    .
    Um dos temas de meu interesse é o aparecimento do cristianismo como religião oficial do império. Não me julgo um estudioso no assunto, apenas um leitor atento, se muito. Nessas leituras, me deparei com a polêmica da inserção (ou não) da figura de Jesus na obra de Flávio Josefo. Como o Sr. deve saber, esse é um assunto controverso. A opinião dominante é a de que Josefo poderia de fato ter feito algum comentário sobre Jesus, mas também que adições tardias teriam sido introduzidas no texto, pelo menos nesse tópico. Em suma, a obra de Josefo, como conhecemos hoje, não seria original (note, uso o condicional). Contudo, mesmo com inserções/remoções ao texto original, reconheço que não haveria motivo aparente para ocultar o “senador Públio Lêntulo” de um conselho de guerra e, visto assim, até o momento não há de fato registro histórico do personagem. Logo, se alguém tem que dar explicações nesse episódio é obviamente quem afirma que o referido senador existiu.
    .
    Também não considero a obra de Josefo falsa, comentando a parte final de sua réplica. O ponto que ressalto, embora muito mais como um observador das últimas discussões do blog, é se descrição de Josefo é completa quando trata de assuntos pertinentes à elite dominante da Roma Imperial. Josefo também é visto como um traidor em virtude de sua atuação quando a serviço dos sacerdotes judeus. Não sem razão a obra (Guerra dos Judeus) é assimilada a uma tentativa pessoal de reabilitação junto aos seus e, ao mesmo tempo, como propaganda romana (por exemplo, ao insistir na inocência de Tito na destruição do templo; curiosamente, a mesma insistência encontrada em Mateus e Lucas procurando isentar os romanos da crucificação de Jesus – mas essa é uma outra história…).

  53. Flávio Josefo Diz:

    Carlos,
    A maneira como o senhro JCFF apresenta os historiadores antigos e a própria disciplina da História, está cheia de incorreções. Se você teve paciência pra ler o texto dele, então leia o que segue: [os trechos destacados em maiúsculo, foram por mim modificados]

    História e historiadores
    Rogério Dezem (2006)
    Nas palavras do escritor e político romano Cícero (106-43 a. C.), a História pode ser definida como a testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestra da vida, anunciadora dos tempos antigos (Historia testis temporum, lux veritatis, vita memoriae, magistra vitae, nuntia vetustatis), belas palavras que sobreviveram ao tempo e que podem nos dar uma amostra do grande âmbito e da importância que o estudo histórico comporta.
    Mas quando e onde surgiram os primeiros “historiadores”? É quase uma unanimidade no Ocidente citar a figura do grego Heródoto (484-424a. C.) como o “Pai da História”. Sua obra Histórias, cuja essência parte “de uma extraordinária combinação de cronologia, etnologia, geografia e poesia”[1], possui uma linguagem corrente e fácil de entender. Segundo estudiosos da obra de Heródoto, seu mérito é o de ser considerada uma “importante fonte de informações sobre o mundo antigo”[2] e a pioneira a se basear em uma narrativa de caráter histórico. Pois o “material” recolhido, ou seja, suas fontes, se encontravam a partir dos testemunhos verbais que o autor reuniu em suas várias viagens feitas pela Grécia antiga e pela Pérsia. No entanto, muito dos relatos contidos em Histórias tem caráter fantasioso, outros são inconsistentes, pois partem de julgamentos equivocados e da aceitação de fontes não confiáveis[3]. Desse modo, o período da Antiguidade Clássica é considerado o berço da Civilização Ocidental e, conseqüentemente, o marco inaugural da História Ocidental.
    POR MUITOS SÉCULOS, O QUE HOJE DENOMINAMOS HISTÓRIA VIVEU À SOMBRA DE OUTRAS DISCIPLINAS (Teologia e Filosofia), pois SEU CÁRATER CONTINUOU NAVEGANDO ENTRE O SAGRADO (hagiografia, apologias) E O PROFANO (crônicas, narrativas, cancioneiro, biografias, fantasia, literatura). No período do Renascimento (XIV-XVI) a Europa vai viver um momento de renovação de idéias, principalmente da racionalidade (ratio), baseada em pensadores da antiguidade clássica como os gregos Platão e Aristóteles. Neste contexto, o filósofo inglês sir Francis Bacon (1561-1626) deu uma importante contribuição aos estudos ligados às ciências humanas e, conseqüentemente, ao estudo da História. Em um trecho famoso, ao criticar os empiristas, ele parte de uma parábola para dar um objetivo ao que podemos chamar de pesquisa histórica. Vamos a ela:
    “Existem os empiristas, que como formigas, simplesmente coletam dados para apresentar suas idéias e teses, já os teóricos puros podem ser comparados a aranhas cujas teias se originavam de seu próprio interior. Bacon recomendava o exemplo da abelha, que não se limita a procurar a matéria-prima; também a transforma”.[4]
    As artes, a literatura, as ciências, enfim, toda uma visão de mundo começava a se transformar. A HISTÓRIA ESTAVA ASSOCIADA À CIÊNCIA POLÍTICA (Maquiavel, Hobbes, Locke). SEMPRE COADJUVANTE, ou melhor, auxiliar de outras disciplinas consideradas “mais nobres” como a Filosofia, o Direito e depois a Economia, a História, como nós a conhecemos hoje, tinha ainda um longo caminho a trilhar até se firmar como uma disciplina baseada em metodologias e teorias para que pudesse ser considerada uma Ciência.
    Foi no século XIX, considerado um dos períodos áureos das ciências humanas, que a Revolução Industrial Inglesa e os reflexos associados diretamente aos acontecimentos na América do Norte (Independência dos EUA, 1776) e a Europa (Revolução Francesa, 1789), imprimiram novos rumos aos estudos da História. É a partir deste contexto histórico que mesmo “hesitando entre arte literária e o conhecimento científico”, ela “se torna matéria de ensino”[5].
    Pensadores de origem germânica como Immanuel Kant(1724-1804), G.W. F. Hegel (1770-1831), Karl Marx (1818-1880) e Wilhelm Dilthey (1833-1911), desenvolvem conceitos como o idealismo, a dialética, o materialismo histórico e a verstehen, aplicados ao estudo da História. Na Inglaterra temos E. Gibbon (1737-1794), Thomas Babington Macaulay (1800-1859) e na França Jules Michelet (1798-1874) entre outros. No entanto a História recebe o seu estatuto de ciência a partir do historiador germânico Leopold Von Ranke (1795-1886). O método crítico de Ranke tornou-se o modelo de investigação histórica no século XIX na Alemanha e no mundo inteiro. Sua idéia principal se baseava na famosa afirmação de que os historiadores devem estudar “o passado como de fato foi” (wie es eigentlich gewesen) a partir de documentos que “devem falar por si só”, ou seja, os historiadores devem tentar “oferecer uma representação factual do passado desprovida de seus pontos de vista, mas devem também ir além dos fatos e buscar as tendências gerais ou as idéias principais que conferem a um indivíduo ou a uma instituição sua personalidade”.[6] Foi ainda no contexto da “história rankeana” (fim do século XIX), que as disciplinas da área das ciências humanas como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a Geografia e a História, se consolidaram como Scientia, a partir de metodologias e objetivos de estudo delineados. O caminho estava aberto.
    O historiador inglês E.H. Carr (1892-1982) foi um dos grandes críticos da visão de História de Ranke, para Carr “os fatos não são averiguados da mesma forma e não ‘falam por si mesmos’. Nem são inteiramente produto da criação dos historiadores. (…) os fatos existem à parte do historiador, embora só se tornem ‘fatos históricos’ quando são considerados historicamente significativos por seleção e interpretação”. Segundo o autor da obra Que é História?(What is History?), os historiadores “ocupam-se do diálogo interminável entre o passado e o presente”[7] •
    Dessa forma, no século XX, os debates sobre a História e seus objetivos tomam rumos nunca antes vistos. Surgem novas teorias sobreHistoriografia (estudo da história do pensamento histórico) e sobreHistória, que vão desde a desqualificação do modelo rankeano, passando por várias interpretações da história de cunho marxista, até chegarmos no início da década de 1990 com a publicação de O Fim da História (The End of History, 1989) e de O Fim da História e o Último Homem (The End of History and the last Man, 1992) ambos de autoria do cientista políticonorte-americano Francis Fukuyama (1952-) que”decreta” o fim da História…
    No entanto algumas teorias, ou melhor, alguns pontos de vista sobre teorias relacionadas ao papel do estudo da História e, conseqüentemente, do historiador, vieram a se tornar clássicos, pois em grande parte contribuem ainda hoje grandemente para seu estudo e compreensão. Dessa forma devemos apresentar um pouco mais detalhadamente as idéias do historiador francês Marc Bloch (1886-1944), que, juntamente com o também historiador francês Lucien Febvre (1878-1956), em 1929 lançam o periódico Anais de História Econômica e Social ( Annales d’Histoire Economique et Sociale), que sobrevive ainda hoje com o título Anais: História, Ciências Sociais (Annales: Histoire, Sciences Sociales). Surge assim, na França, a denominada Escola dos Annales, também conhecida como Nova História.
    O historiador MarcBloch foi um dos primeiros a efetivamente comparar a História às Ciências Exatas e Biológicas. Ele afirmava que “(…) enquanto a Química e a Biologia (…) envolvem análise e classificação, a História em grande medida envolve descrição e narração. Além disso, História e Ciência diferem no que tange ao tratamento dos fenômenos. Enquanto o cientista lida com fenômenos simples que passam apenas por sua consciência, o historiador trata de fenômenos ‘psicossociais’ que passam tanto pela consciência dele quanto pela consciência do agente histórico. Isso significa (…) que uma miríade de interpretações de acontecimentos passados é possível”[8]. Desse modo, o historiador (aquele que “produz” a História) deve ter o “espírito crítico”, pois segundo Bloch “(…) o historiador ao contrário do cientista, é duplamente propenso à fraqueza e à fragilidade da memória humana. Entretanto, a maior parte da obra do historiador consiste em identificar a verdade, aquilo que é falso e aquilo que é provável.”[9] Pois “o tempo é parte integrante de seu objeto, é ‘uma ciência em marcha’. Para permanecer uma ciência, a História deve se mexer, progredir; mais que qualquer outra, não pode parar.”[10]
    Portanto, “a História é uma ciência, mas uma ciência que tem como uma de suas características, o que pode significar sua fraqueza, mas também sua virtude, ser poética, pois não pode ser reduzida a abstrações, a leis, a estruturas.”[11] E o que vem a ser um historiador competente na visão de Bloch? Para o autor “o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está sua caça”, ou seja, o historiador é “um comedor de homens”[12].
    Uma outra questão levantada e que é o objetivo principal da obra inacabadaApologia da História, se encontra na questão primordial: Para que serve a História? Segundo Bloch, a História é a “ciência dos homens no transcurso do tempo”[13] ou ainda “o produto mais perigoso que a química do cérebro elaborou”[14]. Ele completa sua definição de forma clara e objetiva ao afirmar que “quando estudada rigorosamente, a história alimenta a imaginação, mas também permite alcançar uma compreensão da história humana. Isso implica reconhecer a busca de evidências como a busca de pistas ao longo de uma variedade de documentos; examinar as evidências levando em conta seu contexto; comparar as evidências; abster-se do julgamento de acontecimentos passados que se baseiam nos padrões morais de alguém; e procurar um vocabulário que represente ‘o resumo preciso dos fatos’e ao mesmo tempo preserve ‘a flexibilidade de que necessita para se adaptar a descobertas posteriores'”[15].Enfim, “a História é a ciência do tempo e da mudança, colocando a cada instante delicados problemas para o historiador”.[16]
    Bibliografia:
    Bloch, Marc.Apologia da História, ou, O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
    Burke, Peter. História e teoria social. São Paulo: Editora Unesp, 2002.
    Hughes-Warrington, Marnie. 50 grandes pensadores da história. São Paulo: Contexto, 2002.

    Fonte: http://www.webartigos.com/articles/15965/1/Historia-e-historiadores/pagina1.html#ixzz1CfDsKDVb

    [1] Hughes-Warrington, Marnie. 50 grandes pensadores da história. São Paulo: Contexto, 2002. p. 183.
    [2] Idem.
    [3] Ibidem.
    [4] Burke, Peter. História e teoria social. São Paulo: Editora Unesp, 2002. p. 35.
    [5] Bloch, Marc.Apologia da História, ou, O Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. p. 21.
    [6] Hughes-Warrington, Marnie. 50 grandes… op. cit.. p. 290.
    [7] Idem. P. 45-46.
    [8] Bloch, Marc. Apologia da História… op. cit.. p. 27.
    [9] Idem. p. 29.
    [10] Ibidem. p. 21.
    [11] Ibidem. p. 19.
    [12] Ibidem. p. 20.
    [13] Hughes-Warrington, Marnie. 50 grandes… op. cit.. p. 32
    [14] Bloch, Marc.Apologia da História… op. cit.. p.22.
    [15] Idem. p. 33.
    [16] Hughes-Warrington, Marnie. 50 grandes… op. cit… p. 63

    Fonte: http://www.webartigos.com/articles/15965/1/Historia-e-historiadores/pagina1.html#ixzz1CfE3QDus

  54. Marcos Arduin Diz:

    Ei, seu Carlos Magno
    Já que não pode desmontar os argumentos do Zé, então veja se faça alguma coisa de útil:
    1) Prove-nos que em Marte existe tudo aquilo que Ramatis falou em Vida no Planeta Marte.
    .
    2) Prove que o eixo da Terra está verticalizado em relação ao plano da órbita do planeta, conforme Ramatis disse que aconteceria em Mensagens do Astral.
    .
    3) Se a causa da verticalização desse eixo é a aproximação daquele planeta que vai levar o lixo espiritual daqui, então esse planeta já deve estar por perto. Cadê ele? Até agora nenhum telescópio o encontrou…
    .
    Como vê, meu caro, você já tem muito trabalho dentro das suas crenças para perder tempo criticando o que os outros acreditam…

  55. Flávio Josefo Diz:

    Vítor,
    Sua demora em considerar meu último comentário aí, me levou a acreditar que você não iria considerá-lo, motivo inclusive que me levou a fazer um comentário lá no site do Mori.
    Pra ser sincero, já estou me cansando deste “bate-volta”, que não leva a lugar algum.
    Sempre achei que aquele velho conselho: “política, religião e futebol não se discute”, pudesse ser posto de lado, por pessoas bem intencionadas e de elevada moral e conhecimento. Mas, acho que não dá mesmo!
    O problema em blogs como este, é que as pessoas, pelo menos algumas, não se contentam apenas em expor suas idéias, dúvidas e questionamentos, mas também em ridicularizar com a crença dos outros. Então, a discussão, a princípio sadia, acaba se transformando num jogo de poder, de cunho pessoal, com elevada vaidade.
    É uma pena, mas vai se fazer o quê?
    Minhas críticas ao JCFF se explicam pela forma como ele tratou o Chico, o espiritismo, os espíritas e outros crentes.
    Veja bem quanta contradição: ele acha absurdo que as pessoas agradeçam uma benção, um “milagre” recebido do “Padim Cícero”, mas ele como católico não acha o mesmo sobre o “milagre” atribuído ao Papa João Paulo II? Inclusive tema colocado no site do Mori. Tudo é contraditório. Ele se sujeita a fazer parte da “sua equipe”, mas você mesmo, com certeza, acha ridículo a tal história do “milagre do Papa”. Então, eu já não entendo mais nada. Sim, porque pra mim ou o sujeito torce pro Palmeiras ou pro Corinthians. Torcer um pouquinho pra cada um, acho complicado!
    E veja o que diz o Arduin, aí em cima – oras Arduin, o que mais se tem aqui, é exatamente isto: críticas de ambos os lados. O seu comentário já é uma crítica.
    O senhor JCFF pode ser um bom pesquisador, mas a maneira como ele interpreta a História Antiga e os historiadores da época, está totalmente equivocada.
    Pra mim, eu acho que basta.
    Valeu enquanto durou!
    Tchau…

  56. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Caro sr. Carlos:

    Devo discordar veementemente do sr.; o sr. tem, sim, competência, e deve, sim, fazer reparos e contra-argumentar; se forem sinceros (e minimamente educados), não importa se são “pertinentes” ou não. Muitas das minhas primeiras dúvidas, e conclusões, há já vários anos, eram “impertinentes” e “estúpidas”. É assim que se segue. Se tropeçar, vai se levantar; se não sabe muito, acabará, com o tempo, sabendo mais e mais. Muitas vezes é difícil, chato e penoso, mas vale a pena.

    Se tem interesse nesses assuntos, vá adiante. O que lamento, sinceramente, é que o tempo é pouco, e que, infelizmente, não me é possível abrir várias “frentes” simultaneamente (apesar do que aqui já foi insinuado, não sou um vagabundo em minhas funções, nem tenho tempo livre ilimitado para pesquisas). Portanto, muitas vezes (se quiser trocar opiniões comigo) terei que ser bem generalista, e telegráfico (o sr. pode até achar que meu texto anterior seja tudo, menos “telegráfico”, mas o assunto é vasto – note bem, vasto, mas não impossível de ser conhecido, e tive que condensar muitas informações em relativamente poucos parágrafos). Mas não se contente com o que o sr. sabe, ou julga saber; muito menos, com as minhas observações. O ser humano é um animal racional; tem a capacidade de fazer as perguntas certas, ou pertinentes.

    O que eu quis dizer com meu texto anterior sobre as obras históricas da Antiguidade Clássica é que, apesar de termos que tomar cuidado, e de sermos bem críticos, com relação a textos historiográficos antigos, em geral (e com Flávio José, em particular), pode-se, em linhas gerais, confiar no arcabouço de fatos que eles narram. Mais especificamente ainda, no caso da composição do conselho de guerra de Tito, um detalhe na obra, não haveria nenhuma possibilidade, nem aliás nenhuma razão para que o historiador “ocultasse nomes”.

    O sr. fala acerca da transmissão dos textos, de como chegaram até nós – uma colocação bastante pertinente. O assunto é fascinante. Daria discussões para um “blog” inteiro. Especificamente sobre a transmissão dos manuscritos de Flávio José, eu lhe sugeriria (apenas para um exame inicial), o elenco constante no endereço eletrônico a seguir:

    http://www.tertullian.org/rpearse/manuscripts/josephus_all.htm

    Especificamente para “A Guerra Judaica”, o seguinte endereço eletrônico:

    http://www.tertullian.org/rpearse/manuscripts/josephus_jewish_war.htm

    Aliás, o portal de Roger Pearse, “Tertullian”, é muito bom; tente:

    http://www.tertullian.org/rpearse/

    Há algum material (embora não muito) sobre o “Testimonium Flavianum” lá. Especificamente sobre isso, é fundamental ler-se o livro “Josephus on Jesus – The Testimonium Flavianum Controversy from Late Antiquity to Modern Times”, de Alice Ann Whealey, vol. 36 da série “Studies in Biblical Literature”, Peter Lang Publishing, Nova York, 2003. Procure adquiri-lo; use a Amazon; é meio caro, mas, sinceramente, vale a pena. Infelizmente, a visualização no Google Books é só de trechos; nem sequer é parcial…

    E, mais recentemente, o maravilhoso ensaio, da mesma autora, “Josephus, Eusebius of Caesarea, and the ‘Testimonium Flavianum’”, no “Josephus und das Neue Testament – Wissenschaftliche Untersuchungen zum Neuen Testament 209”, Christfried Böttrich, Jens Herzer e Torsten Reiprich editores, Mohr Siebeck, Tübingen 2007, páginas 73 a 116 (para esse artigo, há uma boa visualização parcial no Google Books!). Ela analisa o “Testimonium”, no original em língua grega, trecho por trecho, à luz da transmissão dos manuscritos, das citações de outros autores, e do próprio vocabulário e estilo (comparando-os com o restante da obra de Flávio José), a fim de estabelecer os trechos que, possivelmente, poderiam não ser originais. Dê uma olhada; a visualização, como disse, é parcial, mas já dá para se ter uma boa idéia da altíssima qualidade da metodologia e da argumentação.

    Vá adiante. Sds,

    JCFF.

  57. José Carlos Ferreira Fernandes Diz:

    Sr. Flávio Josefo,

    Inicialmente, gostaria que o sr. respondesse aos itens “A” a “E”, listado em minha mensagem, aqui neste texto, de 30 de janeiro passado – já que este é o principal foco das discussões, e já que é delas que o sr. deseja fugir, mediante suas manobras diversionistas e suas mentiras. DEPOIS disso, então, analisaremos DETALHADAMENTE as questões referentes à historiografia clássica. Continuo aguardando…

    JCFF.

  58. Carlos Diz:

    Flávio Josefo,
    .
    Li com atenção seus comentários. Ao me deparar com o estudo do cristianismo primitivo aprendi que a análise de textos antigos requer muito cuidado. E a razão é simples, os relatos não tinham a preocupação com o rigor histórico; em muitos casos eram simples peças de propaganda… No entanto, são os documentos disponíveis e é com eles que o estudioso deve fundamentar suas hipóteses. A historiografia é uma ciência, se assim podemos dizer, relativamente recente. Talvez tenha começado (ou se popularizado) no século 19 com Ernest Renan ao buscar o Jesus histórico (note isso é um problema da historiografia, não do crente!). O lado fascinante é que a qualquer momento novos documentos podem ser encontrados e, como na ciência, enquanto alguns problemas são resolvidos e hipóteses são confirmadas e outras descartadas, novos problemas aparecem realimentando todo o processo.
    .
    Caro JCFF, grato pelas referências.

  59. Sinval Ferreira Diz:

    Amigo, vale lembrar que as duas obras citadas “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade” foram escritas pelo espírito André Luiz. O Livro “Mecanismos da Mediunidade” 100% psicografado por Chico Xavier, já o livro “Evolução em Dois Mundos” 1 capítulo psicografado por Chico, outro capítulo por Waldo Vieira, isto mesmo o livro “Mecanismos da Mediunidade” é um livro conjunto psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier sendo assim o seu texto não tem fundamento. E isto está na própria capa do livro (http://i.s8.com.br/images/books/cover/img2/256112_4.jpg).

  60. Vitor Diz:

    Sinval, leia meu texto com mais atenção e verá que você não traz qualquer dado novo.

  61. Rogerio Mazombo Diz:

    Vitor, me perdoa se eu repetir algo que já foi dito, mas é difícil ler todos os comentários.
    Sou espírita e raramente li textos contrários ao Espiritismo que não resvalassem pela retórica, aqui compreendida na sua acepção pejorativa: a arte de vencer um debate sem que seja preciso ter razão. Você se equivoca quando alude à identidade terrena de André Luiz: o espírita mais atento não se ocupa destas coisas. O assunto é irrelevante para o Espiritismo (para mim e para todos que conheço no Espiritismo, é irrelevante). Outro ponto: a universalidade do ensinamento dos Espíritos é um dos temas abordados por Allan Kardec na defesa do Espiritismo, uma vez que percebia-se como que um fonte comum para vários textos e mensagens recebidos em lugares diferentes. Você nega por negar e afirma que houve um plágio não intencional. Kardec escreveu: afirmar não é provar. Você afirma que o
    Espírito André Luiz não existiu e pensa ter provado o plágio. Nada provou. Prá mim, você ficou devendo. Abraços.

  62. CSSM Diz:

    O único comentário que se pode admitir isento de pretensões alheias ao tema inicial proposto é do Sr. Rogerio Mazombo, em fevereiro 2011, quando afirma: ”
    … raramente li textos contrários ao Espiritismo que não resvalassem pela retórica, aqui compreendida na sua acepção pejorativa: a arte de vencer um debate sem que seja preciso ter razão. Você se equivoca quando alude à identidade terrena de André Luiz: o espírita mais atento não se ocupa destas coisas. O assunto é irrelevante para o Espiritismo (para mim e para todos que conheço no Espiritismo, é irrelevante). Outro ponto: a universalidade do ensinamento dos Espíritos é um dos temas abordados por Allan Kardec na defesa do Espiritismo, uma vez que percebia-se como que um fonte comum para vários textos e mensagens recebidos em lugares diferentes. Você nega por negar e afirma que houve um plágio não intencional. Kardec escreveu: afirmar não é provar. Você afirma que o
    Espírito André Luiz não existiu e pensa ter provado o plágio. Nada provou.
    Em verdade a fenomenologia , não é importante para o Espírita, e sim, estudar o Evangelho e colocá-lo em prática. Se fizer isso, rapidamente irá identificar o conteúdo útil das mensagens, e evitar a parte que não se pode ter certeza, pelo menos até que haja confirmação.
    Cada um de nós temos direito às nossas próprias convicções e por isso mesmo devemos respeitar esse direito nas demais pessoas. De certo modo, parecemos náufragos do saber, agarrados à suas crenças tal como fragmentos de salvação.
    Optemos pela paz .
    Agradeço pela atenção às minhas humildes palavras.
    Que Deus os abençoe.

  63. MARCELO Diz:

    Sou Espírita Kardecista, tenho muita amor pela Doutrina que transformou minha vida.No início me doeu ler textos desse site, fiquei furioso e apaixonadamente me coloquei em defesa daqueles que tanto admiro. Entretanto ao me esforçar a ter o mesmo espírito crítico e investigativo de KARDEC, fato que não foi fácil, confesso, acabei por fazer uma análise “desapaixonada” de Chico, Emanuel e André Luiz, e deixei que a razão iluminasse minha mente, onde deixei o lado fanático e com certeza cheguei à conclusão de que EMANUEL, ANDRÉ LUIZ são espíritos pseudo-sábios. Tenho plena convicção de que CHICO em nenhum momento plagiou nada, ele apenas serviu de instrumento mediúnico de espíritos e estava “fascinado”. Foi muito doloroso aceitar isso, mas analisando sob o crivo da razão, tal qual KARDEC tanto deu exemplo de conduta com seu espírito CIENTÍFICO, constatei esta verdade. E para melhor análise procurem no youtube: EMANUELISMO e vídeos de SÉRGIO ALEIXO, e poderão raciocinar. Parabéns pelo site. Continuem com esse espírito “KARDEKIANO”.Só peço que não culpem CHICO XAVIER, pois com certeza ele nada fez de propósito. Chico foi uma santidade.

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